O texto ligado ao som e imagem

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O TEXTO LIGADO AO SOM E IMAGEM



Auto-rádios terão visor com informação, fotografias e permitirão comprar CD


Radio digital 

Gps280


De manhã, um condutor entra no carro, liga o rádio e ouve as novidades do trânsito, previamente gravadas. Depois, sintoniza uma estação e, quando a música começa a tocar, aparece escrito no visor o título da canção e do cantor. Pressiona o botão para comprar o álbum, bilhetes para concertos, livros, ou até um bilhete de avião. Quando surgem os anúncios, a tecnologia permite saltar a publicidade.

O cenário é futurista para o grande público, mas já é hoje tecnicamente possível. Esta oferta de serviços é permitida pelo sistema digital de rádio dos Estados Unidos, que começou agora a dar os primeiros passos.

A Europa e a América do Norte estão a seguir diferentes caminhos no que diz respeito à transição para a rádio digital. Mas nem num caso nem no outro as maravilhas da tecnologia estão massificadas. O actual sistema analógico, que dentro de alguns anos pertencerá apenas ao passado, é ainda o rei em quase todo o mundo.

A Europa criou o Digital Audio Broadcasting (DAB), a partir do projecto de investigação e desenvolvimento Eureka 147, que permite receber o som das ondas hertzianas com qualidade digital, sem interferências, e ao qual se pode acrescentar aplicações multimédia. Por exemplo, um auto-rádio, munido de um monitor, pode vir a receber texto, imagem gráfica e até vídeo.

Neste mundo de possibilidades, o futuro pode permitir ao condutor cantar as músicas favoritas ao mesmo tempo que o cantor, já que as letras aparecem no visor, ou contemplar a fotografia de uma estrela de cinema, ao mesmo tempo que ouve falar do seu mais recente êxito de bilheteira.

Mas a tecnologia DAB requer a compra de novos aparelhos de recepção e os preços ainda são pouco convidativos. Por isso, as grandes estações da Europa já emitem em DAB, mas são poucos que ouvem o seu som com qualidade de CD. Em Portugal, foi atribuída à RDP, em 1999, a licença de âmbito nacional para o fornecimento de uma rede de radiodifusão digital terrestre. Em 2004, o território continental e a Madeira deveriam concluir a cobertura de rede, enquanto nos Açores se prevê que o processo termine em 2007.

"O salto para o DAB só será dado se a indústria se dispuser a isso", comenta Rui Pego, considerando que quando esse passo for dado "a rádio vai ter que perceber como é que se vai programar".

A pesar do pouco entusiasmo, a rádio digital deverá substituir progressivamente as actuais emissões em Onda Média (OM) e Frequência Modelada (FM), a partir de 2010.

Americanos não têm de comprar novos aparelhos. Nos Estados Unidos, a autoridade reguladora das telecomunicações deu luz verde, em Outubro de 2002, à adopção da tecnologia da empresa iBiquity Digital, que permite aos operadores utilizar as suas actuais ondas hertzianas para enviar sinais analógicos e digitais, dispensando os consumidores de comprar novos aparelhos.

A HD representa, na prática, uma digitalização do FM que, tal como o DAB, permite que os auto-rádios tenham, por exemplo, pequenos visores para passar notícias, publicidade ou fotografias dos artistas cuja canção se está a ouvir. Outros receptores oferecerão aos ouvintes a possibilidade de escolher entre o ponto de situação nas bolsas, desporto, previsões do tempo e notícias do trânsito.

O sistema digital, tal como foi concessionado à iBiquity Digital, empresa largamente apoiada por operadores do audiovisual como a ABC e a Viacom, será grátis, ao contrário da crescente oferta de rádios por satélite - outra das tendências que prometem acentuar-se no futuro - que é paga, num sistema de assinatura semelhante ao das televisões.



Por Sofia Rodrigues
Retirado do jornal "O público"