RECEPÇÃO SEM ANTENA OU TERRA
Ouve-se com frequência falar aos amadores da sua maravilhosa recepção e de como conseguem ouvir estações diferentes sem antena ou terra ligadas. Isto tem dado lugar a inexactidões que nem sequer servem para atestar a boa qualidade d’um receptor.
Um exame demorado ao receptor quando está recebendo sem antena ou terra, mostrará imediatamente uma imperfeição n’ele. De facto, os circuitos, ou por outra a bobine tesla ou transformador d’alta frequência, ou ambos, estão recebendo quantidade suficiente de energia para produzir sinais audíveis. O resultado d’esta forma de recepção é reduzir a selectividade do aparelho. O fim de qualquer dispositivo de sintonisação é de deixar passar uma determinada frequência e regeitar as outras. Quanto mais ele regeitar as frequências indesejadas tanto mais selectivo ele é.
Se a inductancia é d’um tipo de construcção susceptível de receber energia d’outras frequências alem d’aquela que se deseja é porque está prejudicando o fim a que se destina.
Qualquer bobine do tipo de campo aberto que inclue o solenóide, ”ninhos d’abelha”, ”teia d’aranha”, etc., pode receber energia de sinaes. Quanto maior for o diâmetro d’estes enrolamentos maior quantidade receberá, porque se está aproximando d’um eficiente quadro-antena.
Imaginemos agora um receptor de alta frequência sintonisada empregando quadros para as inductancias. Será possível receber diversas estações ao mesmo tempo, uma de cada quadro. O efeito na selectividade poderá facilmente imaginar-se.
Há diversos métodos de acautelar os circuitos da influencia dos campos próximos. Um, é meter completamente o receptor dentro d’uma caixa metálica. O outro é usar uma bobine que não seja influenciada pela inducção visinha.
N’aquele caso deve ter-se a precaução de proteger o receptor da caixa, pois esta sendo metálica, absorve muita energia prejudicando as qualidades do receptor.
Qualquer bobine do tipo de campo aberto, é influenciada pelos campos exteriores. O único tipo de enrolamento livre d’este defeito é o que tiver um campo próprio e fechado.
Há muito que se sabe que a bobine “Toridal” ou “Doughnut”, teem um campo próprio e portanto nem irradia nem apanha energia. Esta forma de campo esteve em uso por algum tempo no serviço dos telefones como bobines, mas não pode ser aplicada a muitos circuitos de recepção.
Nos laboratórios da Reichmann Co. de Chicago, encontramos recentemente uma bobine Doughnut para T.S.F. Além de ser uma bobine sem campo, tem um enrolamento com pouca perda que a torna uma das inductancias mais eficientes das até hoje conhecidas. Dois tipos de bobines foram construídos, uma para a antena e a outra para transformador de alta frequência por acoplamento. Um receptor com estas bobines não recebe sinais alguns, nem mesmo da mais próxima estação, quando a antena e terra está desligada. A única energia captada pelo receptor é recebida pela bobine d’antena assegurando assim o máximo de selectividade.
Outra grande vantagem d’este tipo de bobine quando usada como transformador é de que elimina a inducção d’acoplamento, que é uma frequente causa de instabilidade n’um amplificador d’alta frequência. Isto é devido ao facto de não existir campo magnético nas bobines evitando o encontro d’estes.
Nota: Foi preservado o português original