MUDANÇAS POR QUE PASSA A RÁDIO
Não ha nada que mais prenda a nossa atenção do que a leitura das historias das assim denominadas sciencias. São elas cheias de extraordinárias aventuras sofridas pelos viajantes ao ”desconhecido”; repletas de insuperáveis dificuldades vencidas pela indomável coragem d’aqueles que buscavam a verdade; elas contam-nos os obstáculos quasi fanáticos levantados por aqueles para quem o conhecimento representava exposição ou mesmo degradação. Porém, ha em tudo isto algo de mais interessante, o conhecimento que pouco a pouco se obtém, e a eliminação consequente de hipotheses não estabelecidas. Os destroços dos naufrágios de teorias inúteis cobrem as praias dos mares da sciencia, e são só os marinheiros bem equipados que podem fazer face ás tempestades.
No que respeita a radio, embora o mais novo rebento da sciencia física, e não contando ainda trinta annos. muitas theorias tem sido aproveitadas e muitas cortadas pela raiz e atiradas para os confins do esquecimento. No uso de transmissões sobre ondas curtas tanto na radiotelegrafia como na radiotelefonia acha-se um notável exemplo. Antigamente aceitava-se como principio que quanto maior fosse a distancia a ser alcançada maior devia ser o comprimento da onda de transmissão e maior a força da estação transmissora. Considerando isto, foram montadas as maiores estações emissoras taes como Carnarvon, Nauen, Bordéus e Sainte Assisse, cujos comprimentos de onda medem milhares de metros e cuja potência é enorme. Durante os últimos anos tem sido demonstrado até á evidencia que taes comprimentos de onda e potências não são absolutamente necessários, e devemos em grande parte aos amadores os magníficos resultados que tem sido obtidos. Em certos casos tem-se efectuado comunicações bilateraes com amadores da Austra lia e da Nova Zelândia usando comprimentos de onda inferiores a cem metros e com muito reduzida potência. Muitas experiências tem sido e são efectuadas com ondas curtas. A bem co nhecida estação de Pittsburg faz a radio-difusão sobre ondas curtas e ouve-se sempre na Gra Bretanha. Um grande numero de amadores faz hoje transmissões sobre a onda mais curta.
Quanto mais se diminue o comprimento de onda de transmissão, tanto mais aumenta a frequência das oscilações eléctricas; quando o comprimento de onda é de 100 metros a frequencia natural é de quasi três milhões. O modo de agir de taes correntes de altafrequência como são geradas n’uma antena receptora põe uma tal transmissão não são tão simples como quando a frequência é muito menor, e os typos ordinários de aparelhos de recepção de nada servem para a sua detecção.
Nas revistas que tratam da radio foram publicadas e publicam-se ainda indicações para a construcção de postos de recepção de onda curta, porém não são todos os radiofilos que podem fazer as despezas de dois aparelhos separados e assim os postos de recepção ”Anodion” e ”Gabinete” para grandes distancias fabricados pela Sterling Telephone & Electric Co. Ltd., estão equipados com um sistema privilígiado por meio do qual fazendo uso de órgãos especiaes ”Sterling,, de acoplamento de antena juntamente com os órgãos de reacção apropriados aos postos receptores poderão ser sintonisados até 40 metros. A gama que se pode cobrir é de 40 - 5.000 metros, gama que só é possível nos aparelhos ”Sterling”.
São necessárias antenas de grande altura? Até hoje era crença geral que para comunicar a grande distancia era necessário antenas de grande altura; mas devido a uma serie de experiências realisadas recentemente pelo engenheiro belga Mr. Robert Goldsmith, nos arredores de Bruxelas, comprovou que essa crença era errónea.
Conseguiu com uma antena de 6 pés de altura comunicar com Algeria, o Congo e America de dia.
Realisando em seguida uma conferencia afirmou que, dentro de pouco tempo se conseguiriam construir estações radio-telegraficas subterrâneas para comunicar com todo o mundo.
Nota: Foi preservado o português original