A RÁDIO NO RIO GRANDE DO SUL
Um locutor carioca de grande fama, que se intitulava Príncipe Baby , foi contratado certa vez para trabalhar na Rádio Farroupilha, de Porto Alegre-RS, lá pela década de 50. Um dia, ao ocupar o microfone para anunciar o chorinho Enxame de Abelhas, de Benedito Lacerda, não teve dúvidas. Leu Encha-me de Abelhas. Noutra ocasião, ao anunciar a música Les Cloches de Comeville (Os Sinos de Comeville), disse, com a mesma empáfia: acabamos de ouvir As conchas de...
Engraçado? Certamente. Na época, porém, ao cometerem gafes dessa ordem, os locutores precisavam de muito jogo de cintura para não virar motivo de absoluta piada entre o público e, pior, entre os próprios colegas.
Historietas tragicômicas como essas integram a parte folclórica de uma ainda prematura história do rádio no Rio Grande do Sul. Uma trajectória, entretanto, cheia de peculiaridades e de personagens antológicas, alguns heróicos e aventureiros, responsáveis pela transformação do rádio gaúcho num dos mais respeitados do Brasil.
Uma história que, comemora grandes datas: A Rádio Pelotense, a
mais antiga emissora comercial do Estado e terceira mais antiga do Brasil, criada em 1925, está
a completar 77 anos. A Gaúcha, de 1927, faz 75, enquanto a Guaíba comemora 45 anos.
São aniversários que devem ser festejados. Até porque a programação e o perfil dessas emissoras têm conseguido acompanhar os
tempos de
mudança, os factos e, principalmente, mantido a audiência cativa do ouvinte. De quebra, sobretudo a Gaúcha e a Guaíba têm
estabelecido padrões de referência para dezenas de emissoras brasileiras. "Nós somos o único Estado, por exemplo, que faz
duplex. Ou seja: que transmite os jogos de futebol ao mesmo tempo, quando a dupla Grenal jogo no mesmo horário. Em Minas
Gerais, eles estão tentando fazer isso", salienta João Garcia, o experiente radialista da Band AM e presidente da Associação
de Cronistas Desportivos Gaúchos.
Sobre possíveis diferenças entre o radiojornalismo feito aqui e o produzido noutros Estados, Garcia é taxativo: existem diferenças, sim. - O nosso radiojornalismo é de opinião. O de São Paulo também tem opinião, mas tem muito mais informação, enquanto o rádio do Rio é informativo. Mas o tipo de rádio que nós fazemos é realmente único. Se a gente observar, a maioria das nossas entrevistas é ao vivo, e as intervenções dos repórteres são rápidas. Em emissoras do Rio e de São Paulo é diferente: há muita entrevista gravada. Essa é uma característica que distingue o nosso rádio, além do forte viés investigativo - pontua.
Para Armindo Antônio Ranzolin, director-geral da Rádio Gaúcha, os diferenciais do rádio daque se explicam, também, pelo viés cultural: - É uma questão que herdamos da vizinhança. Ao longo das décadas de 20 e 40, ouvimos muito as emissoras argentinas. Hoje, o rádio argentino já não tem a mesma qualidade, mas durante muito tempo foi referência, e isso certamente nos influenciou.
Glênio Reis, lendário apresentador e showman da Gaúcha e da Farroupilha desde a década de 50, acredita que aqui,
realmente, as coisas são diferentes:
- Aqui, o rádio faz parte das nossas vidas, muito mais do que nos outros lugares. Muitas pessoas deixam o rádio ligado
sempre, onde quer
que estejam. É uma mania.
De facto, para muitos, o rádio é um verdadeiro chiclete para os ouvidos. Há pessoas que não conseguem trabalhar desligadas do aparelho, enquanto, para muitos ouvintes, se um determinado radialista ou comentarista não menciona alguma informação, é porque não se trata de algo importante, tamanha a credibilidade que certos nomes alcançaram. O facto é que, amados ou odiados, não podemos falar de uma "breve história do rádio no Estado", sem mencionar profissionais como Enio Rockenbach, Rogério Mendelsky, Manoel Braga Gastal, Lasier Martins, Ivan Castro, Lauro Quadros, Ruy Carlos Ostermann, Flávio Alcaraz Gomes, Lauro Hagemann, Cândido Norberto, Armindo Antônio Ranzolin, Milton Jung, Walter Galvani, Fernando Veronezi, Amir Domingues, Sérgio Zambiazi, entre tantos, tantos outros. Todos já passaram por poucas e boas. As passagens são muitas, e algumas precisam ser relembradas.
DOIS DEDINHOS DE HISTÓRIA
Tudo começou em 1924, quando um grupo de radioamadores trouxe de Buenos Aires a Porto Alegre um aparelho transmissor e inaugurou a Rádio Sociedade Riograndense, nos mesmos moldes da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, criada um ano antes por Roquette Pinto e Henrique Morize.
Na noite de lançamento, estranhas engenhocas atraíam os espectadores. Eram as galenas, muito semelhantes aos fones de ouvido, que, ligadas a baterias, captavam o som. Alguns aparelhos tinham também cornetas acopladas para amplificar o áudio.
A Rádio Sociedade Riograndense deveria manter-se por meio de mensalidades de 5 mil réis dos cerca de 300 associados, mas poucos pagavam. Sem fôlego para sustentar os custos de operação, encerrou melancolicamente as suas actividades antes de completar dois anos de vida.
Pouco tempo depois, o rádio já chegava a Pelotas, e é de lá a primeira emissora organizada em moldes comerciais, registada, inclusive, como uma sociedade anônima. Era a Rádio Pelotense, até hoje em actividade. Com o seu prefixo POP, baseava a sua programação nas emissoras de Buenos Aires e Montevidéu. Tanto o estúdio quanto o transmissor ficavam no interior do Palácio dos Cristais, tradicional loja do centro da cidade, que tinha seus produtos oferecidos em reclames animados transmitidos pelo sistema.
Mas eram poucas as famílias que dispunham do aparelho. Astutamente, os donos do empreendimento passaram a alugar rádios receptores mediante a taxa de 25 mil réis mensais. E assim o negócio foi estruturando-se.
De olho no sucesso alcançado pela Pelotense, o empresário Carlos Ribeiro de Freitas seguiria o exemplo e faria a primeira transmissão da Rádio Gaúcha, apresentada à sociedade por meio do prefixo PRA-Q, A Voz dos Pampas, mais tarde mudada para PRC-2.
Os estúdios e o transmissor ficavam no 6º andar do Grande Hotel, na Rua dos Andradas, em frente à Praça da Alfândega. A aparelhagem constituía-se de uma vitrola a manivela, um microfone e uma enorme corneta - que servia para a propagação das músicas e da voz do speaker, como era chamado o locutor -, além de alguns discos de acetato. A potência de 50 watts era inexpressiva, comparada aos 100 quilowatts actuais. Mas, para a época, tratava-se de um ambicioso empreendimento. Tanto que a direcção se preocupou em criar um departamento comercial, em que os locutores muitas vezes se transformavam em correctores de anúncios.
Não demorou que o rádio se tornasse febre, transformando-se no primeiro veículo de comunicação de massa do país.
Assumido como veículo de integração nacional, o rádio foi criando uma base sólida de ouvintes. No Rio Grande do Sul, a crescente audiência abriu caminho para o surgimento das rádios Difusora e Farroupilha em meados da década de 30.
A Difusora, "transmitindo directamente do seu salão grená", surgiu em 1934, sob o prefixo PRF-9, graças à visão comercial de Arthur Pizzoli, proprietário da Casa Coates e representante dos rádios Philco.
O seu objectivo era, evidentemente, o de vender receptores de rádio, discos, além dos próprios instrumentos musicais e electrodomésticos.
Já a Rádio Farroupilha, PRH-2, surgiu em 1935 e o seu nome era uma homenagem ao centenário da Revolução Farrapa. Com potência única no Brasil de 25quilowatts, instalada no morro da Bela Vista, era conhecida, por isso, como a mais poderosa.
Os amplos estúdios ficavam no alto da Borges de Medeiros com a Duque de Caxias e ali permaneceram até 1954, quando foram incendiados por populares inconformados com a morte de Getúlio Vargas.
O ESPAÇO DO DESPORTO
O Desporto sempre atraiu a atenção do público. E tradicionalmente, é a melhor fonte de renda das emissoras. Aliás, quando falamos de desporto, estamos a falar de futebol. E se hoje, como sustentou João Garcia na abertura da reportagem, as emissoras gaúchas são referência por fazerem o duplex, ou seja, a transmissão simultânea de jogos, até poucas décadas era difícil a simples veiculação de um único jogo. No final dos anos 30, Amaro Júnior e Rui Vergara Corrêa, da Farroupilha, transmitiam os jogos através de uma linha telefônica.
Foi na mesma emissora que Luiz Mendes começou a destacar-se como narrador, assim como Rafael Merolino. Ênio Melo era o comentarista.
Em 1951, Mendes Ribeiro estreava como narrador desportivo, não tardando a ocupar a chefia do Departamento de
Desportos da Rádio Gaúcha. Criou o bordão Deus não joga, mas fiscaliza. Com a inauguração da
Guaíba, migrou para lá, auxiliado por Milton Ferreti Jung, repórter de campo, e pelo legendário e carismático Pedro Carneiro
Pereira, que também era piloto de corridas. Walter Galvani conta como foi o seu último e inesquecível encontro com o colega,
em 1973, ano em que Pedrinho,
como era chamado, morreu num acidente automobilístico:
- Em uma sexta-feira, eu estava no gabinete do Francisco Antônio Caldas, filho do Dr. Breno Caldas e vice-presidente da
empresa. Aí
chegou o Pedro Carneiro Pereira, que o Dr. Breno queria que fosse director da TV2 Guaíba, em implantação. Nesse dia, o
Francisco Antônio disse: Pedrinho, nós não podemos correr o risco de tu continuares praticando o automobilismo, que tu sabes
que é um desporto de risco. Aí o Pedrinho disse: Domingo vai ser a minha última corrida. Eu vou me sagrar
campeão gaúcho. Basta pontuar. Eu corro domingo, ganho o campeonato e, segunda-feira, anuncio
o meu afastamento. No dia em que vocês quiserem, estarei pronto para assumir a direcção da TV. E aquela foi a última corrida
dele.
Muitos e muitos jornalistas e comunicadores passaram pelo desporto. Cândido Norberto foi um deles.
- Fui locutor desportivo da Gaúcha por necessidade. E fiquei durante
largo tempo. Achavam que, dos ruins, eu era o menos ruim. Nessa condição, em 1950, como deputado e comparecendo a um
congresso em Moscovo, gravei um jogo entre as selecções russa e húngara, aquela famosa do Puskas, que depois foi transmitida
aqui. Também fiz a primeira
cobertura desportiva internacional do Estado, em 1949, quando o Grémio foi convidado para jogar em Montevidéu, contra o
Nacional. Foi o primeiro clube gaúcho a jogar no estrangeiro. E, para surpresa geral, ganhou.
No ano de 1958, a Guaíba se consolidava como a emissora líder no desporto, ao transmitir da Suécia a Copa do Mundo de futebol, com fidelidade de som até então jamais alcançada em irradiações de grande distância. O feito deveu-se aos engenheiros Homero Simon, Alcides Krebs e Hélio Custódio, depois que Flávio Alcaraz Gomes, chefe da equipe, conseguiu do centro de comunicações de Berna as condições necessárias às transmissões. Mendes Ribeiro teve, assim, a oportunidade de fazer o público não apenas gaúcho, como de outros Estados, manter-se ligado aos receptores de rádio, acompanhando com som praticamente instantâneo os jogos da Copa em que o Brasil se sagraria campeão.
Hoje, talvez mais do que nunca, o desporto representa para as emissoras fatia importante das suas programações. Os espaços mais nobres, por exemplo, são destinados ao futebol, enquanto já existem emissoras dedicadas exclusivamente aos desportos, como é o caso da Rádio Pampa AM. A Pampa opera, inclusive, em duas freqüências, e tem dado oportunidade aos ouvintes de se manifestarem sobre os seus clubes, dando opiniões por telefone.
O MUNDO ENCANTADO DOS RADIOTEATROS
Certamente não existe brasileiro acima de certa idade e com certa vivência cultural que não tenha ouvido uma peça de radioteatro. Foi sob a direcção do carioca Peri Borges e de Estelita Bell que o "teatro do invisível" começou no Estado, no final da década de 30.
Inicialmente, eram os sketches, interpretados por pequeno elenco da Farroupilha que desde cedo tinha como galã Valter Ferreira. Ele estava na maioria das histórias, geralmente extraídas integralmente de revistas ou de livros, como é o caso d'A Estalagem Maldita, grande êxito da época. O sucesso dos radioteatros era tanto que, num único dia, a Farroupilha chegou a apresentar cinco montagens. Somente nos seis primeiros anos, foram 278 peças. Entre as grandes audiências, títulos como Em Busca da Felicidade, Um Rosário e Uma Saudade, Anoiteceu, Descansa Coração, O Impostor, A Dama das Camélias.
Segundo cálculos da própria emissora, em 1939, mais de 23 mil ouvintes acompanharam as interpretações, um índice e tanto para a época. Outro dado: no início dos anos 50, eram 12 novelas semanais. E não porque eram boas, mas porque não havia nada melhor e, além disso, eram sempre garantia de centenas de ouvintes.
Ernani Behs, por exemplo, chegou a interpretar nove personagens simultaneamente: numa peça era cego; na outra,
político, fazendeiro, escritor, médico, advogado, presidiário, boêmio, paralítico. Sobre
a sua experiência como actor, contou certa vez ao amigo Sérgio Dillenburg uma passagem, no mínimo, rocambolesca:
- Em determinado capítulo, dois homens duelavam pelo amor de uma donzela. Era um duelo ao
ar livre. E como eram ruídos dirigidos à vida rural, tínhamos sons de folhas secas, de pássaros cantando, sons de tiro ao ar
livre, havia também mugido de vaca, relincho de cavalo, tinha de tudo. O operador, que era um sujeito muito competente,
marcava os ruídos
que a gente usaria com uma fita durex. Mas, naquele dia, ele não marcou. Bem, estávamos no meio do duelo,
viramos de costas, contamos 15 passos e ficamos esperando o tiro. Mas aí veio: Muuuu!!! Quando entrou aquilo,
foi um horror no estúdio. O operador, nervoso, desligou tudo. Então, o Valter Ferreira, sem saber que o microfone estava
desligado, gritou: Não te escondas atrás da vaca, covarde! Depois, disse outras asneiras. Mas isso não estava no ar. Quando
voltou, contam que eu estaria dizendo: Não vá me matar a vaca! Depois, todos caímos na risada.
O radioteatro era, sim, uma garantia de sucesso, mas o veículo também tinha de se virar para surpreender o ouvinte. E aí vieram as mais variadas maluquices, como a transmissão de corrida de automóveis, feitas por Ernani Behs, que também saltou de pára-quedas e mergulhou no cais do porto, ocasião em que levou o maior susto, quando começou a entrar água pelo equipamento.
AUDITÓRIO E GRANDES FESTAS
Se os radioteatros e as esquisitices inventadas pelos repórteres procuravam atrair a audiência e provocar uma balbúrdia saudável entre o público, o que dizer dos programas de auditório?
O primeiro que se tem notícia, o A Hora do Bicho, era animado por Antônio Amábile, mais conhecido como Piratini. O programa era apresentado semanalmente na Difusora, entre o final dos anos 30 e meados da década de 40. A fórmula para lotar o auditório da Rua 7 de Setembro era simples: sorteio de brindes, conjuntos musicais, cantores convidados ou amadores, além das indefectíveis piadas. Piratini, entretanto, optou por largar o rádio e cuidar do seu comércio, uma joalheria.
Depois dele, começaram a aparecer programas de auditório em todas as emissoras. Na Difusora mesmo, havia o humorístico Serões da Dona Generosa, escrito por Érico Kraemer, também conhecido como Roberto Lys, que era o mais sintonizado. Já a Farroupilha dos anos 50 e 60 tinha o talento de Ary Rêgo, que apresentava o Clube do Guri, programa que revelou a genialidade precoce de Elis Regina. Mas foi Maurício Sirotsky Sobrinho quem marcou a época dos grandes programas de auditório.
Já em 1939, em Passo Fundo, dava os primeiros sinais de vocacionado comunicador. Trabalhando no Serviço de Alti-Falantes Guarany, convenceu o proprietário a lançar um programa de calouros por meio dos alti-falantes. Projecto aprovado, Maurício colocava um microfone na janela do prédio onde estava a cabine de locução, enquanto centenas de pessoas, de pé, junto à Praça Marechal Floriano, participavam. O sucesso da brincadeira motivou o convite, por parte de Arnaldo Balvé, para que Maurício trabalhasse com corretagem de anúncios para as Emissoras Reunidas. Isso em Passo Fundo mesmo. Seguiu no ofício, até que se mudou para Porto Alegre. Na capital, consagrou-se com o Programa Maurício Sobrinho. Veiculado pela Gaúcha directamente do antigo Cinema Castelo, então um dos maiores da cidade, o programa se transformaria no maior acontecimento radiofônico desse gênero. Entre os astros e estrelas convidados, nomes como Lúcio Alves, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Marlene, Agostinho dos Santos, Emilinha Borba e Dircinha Batista, todos com cachês pagos.
"O programa do Maurício constituiu o antes e o depois do rádio rio-grandense", enfatiza
Ênio Rockenbach. E relembra:
- No final das audições, eu e Salimen Júnior embarcávamos no reluzente Chevrolet do Maurício
e íamos para o centro bebericar na Confeitaria Indiana. Muitas vezes, ficávamos os três sentados, eu e o
Salimen ouvindo o Maurício falar sobre os seus projectos e sonhos. Ele fazia sempre um misterinho sobre determinada tacada
que pretendia dar. Um
desses mistérios, depois ficamos sabendo, era a compra da Rádio Gaúcha, do Arnaldo Balvé.
OUTROS TEMPOS
A aquisição da Gaúcha marcou o início da construção da RBS, hoje o maior império de comunicação do sul do Brasil e um dos maiores do país.
A Rádio Gaúcha é um braço forte da rede, podendo ser sintonizada nas regiões mais distantes
do país e também, em ondas curtas, na Europa e em toda a América.
- Quando veio o satélite, passamos a ter um som mais puro, vencendo distâncias. Logo depois,
chegamos ao telefone celular, que teve a mesma importância que a portabilidade do rádio representou num primeiro
momento, para enfrentar a televisão. E, agora, vem aí o rádio digital, que vai melhorar o sinal. Assim, o som AM passará a
ter a qualidade do som FM, enquanto o FM vai ficar igual ao som de um CD. Ou seja, o rádio vem aproveitando magnificamente a
evolução tecnológica - assinala Armindo Antônio Ranzolin.
A Gaúcha por exemplo, coordenada por Ranzolin, reestruturou-se ao longo dos anos, adoptando um viés essencialmente informativo.
O seu conteúdo são reportagens, entrevistas e opiniões quase
ininterruptamente. Na maioria das vezes, com um tom coloquial e improvisado. Para Cândido Norberto, no entanto, esse viés da
improvisação, presente em várias emissoras brasileiras, constitui uma espécie de tendão de Aquiles do rádio:
- É que os comunicadores abusam do direito de improvisar, o que põe em risco a qualidade das informações que os ouvintes
recebem. Eu, que sempre dei muito valor ao texto, o que significa dizer menos improviso,
se pudesse, teria tido uma equipe de redactores de rádio maior do que a que eu consegui juntar na Gaúcha. Entre eles, estavam
talentos como Sérgio Jockymann e José
Paulo Bisol.
O rádio realmente ajudou a formar alguns dos mais respeitados comunicadores gaúchos, como Jayme Copstein, que comanda um dos programas de maior sintonia do rádio sulino, o Brasil na Madrugada, Lauro Quadros, dono de um carisma incomum, e Ruy Carlos Ostermann, o professor, um dos melhores entrevistadores do rádio brasileiro e comentarista desportivo que faz a diferença.
O RÁDIO NA TV
Com o surgimento da televisão, o rádio teve que, progressivamente, encontrar outros espaços.
- Na sala das pessoas, o rádio perdeu lugar para a TV. E quando isso aconteceu, percebeu-se que ele não podia ser mais um
receptor estático. Tinha de ser um receptor portátil - comenta Armindo Antônio Ranzolin. Enquanto o rádio procurava
alternativas para se manter, a TV, por
outro lado, ia se apropriando e adaptando a programação radiofônica ao seu formato. É lícito dizer que a maioria dos
primeiros programas de TV
era totalmente inspirada no parente mais velho. Aliás, grande parte dos apresentadores desse novo veículo também vinha do
rádio.
E, se muita gente, acostumada às imagens por vezes estonteantes
exibidas na televisão, vê no rádio um veículo limitado devido ao facto de ele, justamente, não trabalhar com imagens, o
veterano Cândido Norberto
faz a justa defesa dos sons e das palavras:
- Eu sustento a tese de que o rádio tem as imagens mais bonitas que se pode dispor. É aquela história da imagem criada pela
imaginação de
cada um dos ouvintes, ao toque mágico desta coisa fantástica chamada palavra. A palavra deflagra o processo da criatividade.
E o ser
humano, por mais humilde, por mais ignorante que seja, tem imaginação que extrapola, que supera a melhor imagem da TV. Cada
ouvinte faz a sua bela mulher, que pode ser alta, magra, esguia, gordinha...
E é informando ouvintes, fazendo companhia a centenas de milhares de pessoas e sugerindo que podem ser as mais sublimes imagens, que o rádio tem não apenas se mantido e se superado, como conquistado admiradores e ouvintes dentro e fora do Estado há, pelo menos, 77 anos.
Comentários
Xico Júnior (não verificado)
Dom, 2008-06-29 02:12
Ligação permanente
Re: A rádio no Rio Grande do Sul
Olá!
Como estou concluindo um livro sobre a imprensa de Canoas, cujo já está com 312 páginas, tenho a necessidade de obter informações sobre Luiz Carlos Bauer e de José Renê Pertile, primeiro dono e diretor da Rádio Real de Canoas, bem como do radialista que se apresentava na Rádio Real como Edu Rocha.
Por outro, estou precisando informações sobre a fundação da emissora, que nos anos 60, era conhecida como RÁDIO CLUBE CANOAS, e quem foi seu primeiro dono e diretor.
E, ainda, se possível, fotos dos três radialista aqui citados.
Pela atenção, que tenho certeza será dispensada,
Atenciosamente
Xico Júnior
Jornalista, Radialista, Historiador e Acervista.
E-mail: la-stampa@ig.com.br /// frapagot@ibest.com.br
Canoas - RS
HAROLDO DE OLIVEIRA (não verificado)
Qua, 2010-04-21 01:07
Ligação permanente
Re: A rádio no Rio Grande do Sul
A HISTÓRIA DO RÁDIO NO RS É UM RESGATE A UMA PAIXÃO NACIONAL. O RÁDIO FAZ PARTE DA NOSSAS VIDAS,ASSIM COMO O ARROZ E FEIJÃO E O CHARQUE DE GALPÃO.