História da Rádio Nacional

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HISTÓRIA DA RÁDIO NACIONAL


Logo da Rádio Nacional


A PRA-X - Sociedade Rádio Philips do Brasil foi fundada em 12 de março de 1930 no Rio de Janeiro, então capital federal, pela Philips (que se instalara no Brasil nos anos 20).

O primeiro símbolo fazia parte da empresa e foi usado como logomarca nos primeiros anos da emissora no Rio de Janeiro.

Possuía uma boa qualidade de som em comparação com as outras emissoras da época, não só pela potência do sinal irradiado, mas também pela qualidade dos rádios da marca vendidos à elite carioca por um pernambucano que viria a tornar-se num dos mais famosos produtores de programas de rádio da época: Ademar Casé (avô de Regina Casé).

Os locutores da emissora propagavam-na como sendo do "signo das estrelas", uma vez que a sua logomarca era composta pelo desenho de quatro estrelas.

Criativo e empreendedor, Casé era um agente de anúncios para revistas quando começou a ser vendedor de rádios da Philips.

Com a lista telefônica nas mãos, Casé tinha o nome e endereço de possíveis clientes. A sua táctica era visitar as casas durante os dias úteis. Esperava o dono da casa sair para trabalhar e só então tocava a campaínha.


O segredo


O segredo consistia em pedir para falar com o proprietário da casa chamando-o pelo nome como se realmente o conhecesse, em seguida dizia à esposa que tinha informações que o marido estava interessado em adquirir um rádio. E como a esposa nunca sabia do assunto (e seria impossível saber), ele deixava o aparelho ligado e sintonizado na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, (anterior Ministério da Educação, actualmente Música, Educação e Cultura) que é uma emissora sediada no Rio de Janeiro, especializada em música clássica, Jazz, Choro, Samba, Bossa Nova e músicas regionais no geral. Tem duas freqüências no Rio: FM 98.9 e AM 800 e uma em Brasília: 800 AM. A emissora foi doada ao Governo Brasileiro em 1936 pelo Professor Edgar Roquette Pinto, (pai da radiodifusão brasileira).

Quando voltava, três dias depois, a família já estava encantada com a novidade. Muitas vezes, ainda contra a vontade, o dono acabava por comprar o aparelho.

As vendas eram impressionantes e o director comercial da Philips do Brasil quis conhecer pessoalmente esse vendedor que "chegava a levar 30 aparelhos no carro, vendia todos e voltava com um pedido de mais 27".


Logo da Philips naquela época


Aproveitando os contactos e a sua fama de grande profissional dentro da Philips, Ademar sugeriu a Vitoriano Augusto Borges, director da Rádio Philips, o aluguer de um horário explicou que essa nova experiência seria ainda melhor e mais dinâmica do que o "Esplêndido Programa," programa de maior sucesso na época transmitido pela Rádio Mayrink Veiga.

O Programa Casé estreou às oito horas da noite de 14 de fevereiro de 1932, e tornou-se um sucesso.


Primeira versão para a desactivação da Rádio Philips


A Rádio Philips foi desactivada em 1936 pela organização holandesa, forçada por uma legislação governamental, que criava embaraços a uma emissora com as suas características, já que tinha como principal objectivo, divulgar os produtos fabricados e comercializados pela Philips do Brasil, conforme descreve Reinaldo C. Tavares no seu livro "Histórias que o Rádio Não Contou".


Segunda versão para desativação da Rádio Philips


Rafael Casé (outro neto de Ademar), escritor do "Programa Casé - O Rádio Começou Aqui", no entanto, descreve outra versão: A Philips era a única emissora carioca a atingir São Paulo e, por não apoiar a Revolução Constitucionalista de 1932, passou a enfrentar o boicote paulista aos seus aparelhos. Como a emissora nascera para ajudar a promover os produtos Philips e não para os prejudicár, a direção da multinacional decidiu vendê-la. A emissora foi oferecida a Casé, mas este não dispunha dos cinqüenta contos de réis necessários para a compra.


A negociação


Foi adquirida pelo grupo do jornal "A Noite", "Noite Ilustrada" e "Revista Carioca" e transformada na famosa Rádio Nacional do Rio de Janeiro, sendo os seus estúdios instalados inicialmente na Praça Mauá número 7, edifício A Noite.


Nasce á ZYJ 460 Rádio Nacional 1.130kHz


A Rádio Nacional do Rio de Janeiro foi fundada em 12 de setembro de 1936, tendo se tornado um marco na história do rádio brasileiro.

Inicialmente uma empresa privada, foi estatizada pelo Estado Novo de Getúlio Vargas em 8 de março de 1940 que a transformou na rádio oficial do Governo brasileiro.

Mais interessado no poder e na penetração do rádio como instrumento de propaganda o Estado Novo permitiu que os lucros auferidos com publicidade fossem aplicados na melhoria da estrutura da rádio o que permitiu que a Rádio Nacional mantivesse o melhor elenco de músicos, cantores e radioactores da época, além da constante actualização e melhoria das suas instalações e equipamentos.

Em 1941, a Rádio Nacional apresentou a primeira radionovela do país, "Em busca da Felicidade" e, em 1942, inaugurou a primeira emissora de ondas curtas, facto que deu aos seus programas uma dimensão nacional.

A rádio também contava com excelentes programas de humor como: "Balança mais não cai" que contava com Paulo Gracindo, Brandão Filho, Walter D'Ávila, entre outros, e PRK-30 que simulava uma emissora clandestina que "invadia" a freqüência da Rádio Nacional, o programa era escrito, dirigido e apresentado por Lauro Borges e Castro Barbosa, parodiava outros programas, inclusive da própria Rádio Nacional, propagandas e até cantores e músicas.


Reporter Esso


Foi pioneira também no radiojornalismo quando, em 1941, durante a II Guerra Mundial, criou o Repórter Esso. Criado basicamente para noticiar a guerra sob o ponto de vista dos aliados, o Repórter Esso acabou por criar um padrão inédito de qualidade no radiojornalismo brasileiro que, até então, se limitava a ler no ar as notícias dos jornais impressos.

Com o seu modo austero e preciso de noticiar, o Repórter Esso fez escola e serviu de modelo para diversos outros programas de notícias que se seguiram, até mesmo na televisão.

Heron Domingues, que com a sua voz vibrante se tornou sinônimo do Repórter Esso: a testemunha ocular da história. Durante décadas apresentou o mais famoso noticiário brasileiro a ponto de ser impossível separar um do outro.

O Repórter Esso ficou no ar até 1968 e o seu slogan era: "a testemunha ocular da história".

Dos anos 1930 até o final dos anos 1950, o rádio possuía um enorme "glamour" no Brasil. Ser artista ou cantor de rádio era um desejo acalentado por milhares de pessoas, especialmente os jovens. Pertencer aos "cast" de uma grande emissora como a Rádio Nacional era suficiente para que o artista conseguisse fazer sucesso em todo o país e obtivesse grande destaque e prestígio.

Actualmente, parte significativa do acervo da Rádio encontra-se no Museu da Imagem e do Som, do Rio de Janeiro. Trata-se da "Colecção Rádio Nacional", constituída por 31 mil discos de 78 rpm, mais os discos de acetato referentes a 5.171 programas, 1.873 de gravações musicais inéditas, 88 de prefixos, 82 de "jingles" e 7 de efeitos, todos já copiados em CDs. Há, ainda, cerca de 20 mil arranjos e 1.836 "scripts".



Pesquisa e Matéria: Museu da Imagem e do Som - Jornalismo Brasil Rádio News - Reportagem Rodrigo Neto
Adaptado do site Brasil Rádio News
Cortesia de Alexandre Romero - Agência Over Voice

Comentários

Gostei imensamente da matéria relatando a história da Rádio Nacional.