(Oo que advertia, nas instruções de serviço, que poderia ser fatal)
Em Portugal, foi denominado de "Pioneiro", na versão tipo V6A. Na Bélgica foi denominado de "Pionnier". Na Argentina, produzido pela Fapesa, uma subsidiária da Philips, foi apresentado como "Obertura". Na Inglaterra, a versão V7A do receptor (1936-1938), com válvulas FC4, VP4B, TD4, PENA4 e 1821, foi denominada de "Theatrette" pelos colecionadores do equipamento.
O aparelho foi produzido em várias versões, com ou sem transformador de força e com séries de válvulas diferentes. Uma das versões mais populares foi a V6U (1937), em circuito super-heterodino, de mesa, com as válvulas CK1 (conversora), CF3 (amplificadora de FI), CBC1 (segunda detetora, CAS e pré-amplificadora), CL4 (amplificadora de áudio) e CY1 (retificadora) - vide o diagrama esquemático na foto.
O funcionamento em 220 V ou 110/125 V era feito simplesmente trocando-se o tubo regulador marcado como "L7" no esquema. Para operação em redes de 220 V usava-se o Philips tipo C8. Para o aparelho funcionar em 110/125 V encaixava-se no soquete o tubo tipo C9. Esses "ballast" de filamento de ferro em hidrogénio eram para uso em linhas de calefatores de 200 mA.
Para abranger cobertura na recepção da banda de ondas longas de 152 a 413 kHz (adotada nos serviços de radiodifusão europeus) o receptor funcionava com FI de 128 kHz.
Uma das particularidades do receptor é que não dispunha de chassi: a montagem era feita com os componentes sendo distribuídos nas paredes e no fundo do gabinete - o que provocava aborrecimentos aos reparadores. Às vezes bastava mexer na fiação para o receptor parar de funcionar ou entrar em oscilações, por causa da má isolação dos fios emborrachados (o isolante de cor amarela se desmanchava em climas tropicais como o do Brasil). Outra causa de defeitos eram as falhas nos contatos das pinturas de blindagem das válvulas "pata-de-elefante".
Uma característica interessante é que o Philips Matador vinha com informações de segurança para os técnicos reparadores. Na versão V6U, sem transformador, comercializada no Brasil, as instruções de serviço advertiam:
-- O Matador V6U é um receptor de "alimentação universal": o chassi é diretamente ligado à rede elétrica. Por este motivo o manuseio do receptor deve ser feito com cuidado, afim de evitar choques no reparador. O emprego de um transformador de dois enrolamentos independentes (relação 1:1) é altamente recomendável, POIS ISOLARÁ A REDE ELÉTRICA DO CHASSI E EVITARÁ CHOQUES DURANTE A REPARAÇÃO (grifo nosso).
São instruções válidas até hoje. Como se vê, era um Matador que se preocupava em não causar vítimas!
Foto 1, Propaganda do rádio Philips Matador feita, na época, na Estônia. Em tradução livre: "Um novo e valioso super-receptor de três bandas por um preço excepcionalmente barato". As linhas adotadas no gabinete despertaram grande atenção quando o receptor foi lançado. Alguns historiadores de equipamentos antigos citam que o projeto inspira-se nas linhas de um palco.
Foto 2 Diagrama esquemático do Philips Matador na versão tipo CA/CC (sem transformador de força), modelo V6U. A seleção da tensão de funcionamento era feita através da troca da válvula de lastro marcada como L7 no esquema.