No início da década de 50 havia já mais de 32 milhões de usuários de produtos Philco USA no mundo todo, principalmente de rádios. As bases do estrondoso sucesso da marca não foram apenas os diferenciais de bons projetos e da qualidade da montagem dos seus aparelhos, mas também o seu empenho em implantar uma rede de prestadores de serviços de assistência técnica de alta qualificação
A empresa mantinha conexão direta com os milhares de reparadores credenciados espalhados pelo mundo, através do Philco Factory-Supervised Service, bem como por intermédio dos distribuidores executivos em cada país. Aos postos de serviço e ao comércio varejista de eletrônica a indústria chegava a fornecer mais de 3 milhões de componentes/mês.
O suporte da Philco americana aos profissionais dos serviços de manutenção não se limitava ao fornecimento de peças de reposição: além de treinamento e a capacitação técnica através de cursos e programas de visita, englobava também o fornecimento mensal de documentação de serviço, de boletins técnicos detalhando novos produtos e circuitos, etc. O destaque era o fornecimento de informações práticas sobre o diagnóstico de eventuais problemas em aparelhos e sobre como solucionar os defeitos corretamente. Sistemas semelhantes ao da rede de assistência técnica da Philco passaram a ser adotados também por outras indústrias no Brasil, como a Philips.
Além das informações técnicas sobre a prática de reparações na oficina, a Philco chegava a fornecer uniformes, decais e materiais de identificação para os veículos, material técnico-didático sobre teoria eletrônica para estudo em casa e oferecia prêmios aos profissionais que se destacavam na atividade. Meu pai, Edvino Efrom, foi um dos mais de 60 mil técnicos que atuaram na rede de serviços da Philco americana no mundo todo. Chegou a ser homenageado, em São Paulo, na sede da fábrica, por ser o mais antigo dos profissionais da marca em atividade.
Hoje os sistemas de assistência técnica mudaram. Trocam-se os aparelhos em garantia por novos - ou no máximo trocam-se as placas.
Há poucos dias veio um profissional de manutenção de condicionadores de ar de uma marca coreana aqui em casa. Apareceu em veículo adesivado com identificação do fabricante do condicionador. Tinha uma jaqueta com identificação da empresa e, abaixo, em letras menores, o nome do profissional bordado. Foi cortês e eficiente. O meu mecânico automotivo, outro veterano, mesmo lidando diariamente com graxa, usa macacão e a oficina está sempre limpa e ordenada. Estaremos voltando aos bons tempos em que a qualidade na prestação de serviços, a boa apresentação pessoal, a cortesia e a eficiência eram fundamentais?
Tomara. Pensem nisso os profissionais de reparações/restaurações que atuam em contato com o público. Você confiaria em um médico que se apresenta para a consulta sujo e desleixado? Você confiaria em um "técnico-raiz" que se oferece para restaurar o histórico radiofonógrafo da família empunhando caixa de ferramentas atulhada com marreta, talhadeiras, chave inglesa?
A primeira impressão é a que fica para o cliente. A qualidade na prestação dos serviços culmina depois na consagração do profissional.
Na foto 1 placa de posto de assistência técnica autorizada da Philco brasileira quando passou a ser controlada pela Ford (FoMoCo).
Na foto 2 certificado de credenciamento da Philco Corporation para serviços nos produtos da marca. Década de 40.