Recuperação de potenciómetros antigos é assunto recorrente entre os reparadores e restauradores. Cada um tem o seu método preferido - certo ou errado - para consertar o componente. Assim, é sempre bom comparar com o que os fabricantes de componentes e de receptores valvulados preconizavam.
Vários potenciómetros antigos não possuíam componente idêntico para reposição. Quando o produto deixava de ser fabricado, caso o restaurador desejasse manter a originalidade do equipamento, não havia outra alternativa a não ser recuperar o potenciômetro obsoleto. Tal foi o caso dos potenciómetros de procedência holandesa da Philips (e de vários outros europeus semelhantes), anteriores a 1940/1950.
Na fotografia, reunimos alguns destes potenciómetros antigos holandeses, para ilustração. A seguir, seguem algumas informações que a Philips divulgava aos técnicos de antigamente, através dos boletins de serviço e através de circulares enviadas ao pessoal da sua rede credenciada de assistência técnica, para auxiliar na reparação do componente.
Os potenciómetros holandeses Philips e outros europeus semelhantes podem ser abertos descravando cuidadosamente o rebordo em alumínio dobrado da beirada. Em nossa oficina usávamos alicate pequeno de corte para a tarefa.
Depois de aberto o potenciómetro, limpar cuidadosamente a pista resistiva com um pincel pequeno de cerdas macias, usando álcool ou benzina, dependendo do componente. Testar antes o limpa-contatos a ser usado: o problema é o tipo de solvente contido no produto.
Qualquer que seja o produto a ser usado na limpeza, deve ser testado num pequeno canto da pista, através de um cotonete, para se ter certeza de que não danificará o material resistivo. O produto de limpeza também não pode deixar qualquer resíduo na pista.
Todas as partes metálicas de contato, como as sombreadas em vermelho-claro na fotografia, também devem ser limpas. Observar que o ponto de contato do cursor é um pino torneado em grafite: este também deve ser cuidadosamente limpo. Muito cuidado para não extraviar este pino: ele é apenas encaixado num pequeno orifício do cursor e pode se desprender facilmente.
Nunca limpar a pista de carbono com lixa fina ou produtos abrasivos: isso danificará a delicada película resistiva e condenará o potenciómetro para a "cesta seção". O sulco danificado na trilha poderá ser retocado com lápis de desenho, do tipo HB8 até o HB12: tudo depende do valor ôhmico original do potenciómetro. Lápis de carpinteiro ou comuns não produzem o mesmo resultado. Em tempo: é importante destacar que o grafite não ancorará adequadamente na pista se o potenciómetro tiver sido lixado ou borrifado com spray lubrificante ou produtos semelhantes. O grafite excedente deve ser cuidadosamente espanado para fora, com pincel de cerdas bem suaves. O que pouca gente sabe é que, além de resistivo, o mineral grafite não oxida facilmente e tem propriedades lubrificantes.
Depois de tudo cuidadosamente limpo, curvar ligeiramente a lingueta do cursor para que o ponto de contato fique na lateral do "vale" ou sulco danificado. Com isso o ponto de contato do cursor iniciará uma nova trilha, ligeiramente na lateral.
Fechar o potenciómetro cuidadosamente e reinstalá-lo no receptor que está sendo restaurado.
Nunca use lubrificantes penetrantes em potenciómetros antigos: tais produtos, além de besuntar o componente, amolecem a película de material resistivo e deixam resíduos que funcionam como dielétrico no grafite. Sprays "penetrantes", além disso, desagregam/delaminam certas placas de pertinax, o material isolante semelhante ao fenolite, usado nestes componentes antigos.
Seja cético ante certos "métodos", divulgados na internet, para a recuperação de potenciómetros com pinturas caseiras feitas com pós condutivos e esmalte de unhas. Não possuem durabilidade. Com tais "tintas" condutivas, além disso, conseguem-se, no máximo, valores como 600 ohms, e isso em camada bem fina - muito aquém do adotado em alguns potenciômetros antigos, que chegavam até a 5 megohms.
foto 1: Dobrando-se ligeiramente ambos os lados da lâmina do cursor, este percorrerá uma nova trilha, ligeiramente na lateral do sulco original. Cuidar para que seja mantida a mesma pressão de contato.
Foto 2: Na parte superior do cursor está o pino de grafite que serve de ponto de contato com a pista resistiva do potenciómetro.
Foto 3: Potenciómetros antigos europeus: na parte inferior, à esquerda, vê-se a pista resistiva e o disco central de contato (geralmente) banhado em prata). Embaixo, à direita, aparece o cursor e o pino metálico em grafite.