Mais velha que o rádio

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MAIS VELHA QUE O RÁDIO

Rádio Clube de Pernambuco

A Rádio Clube de Pernambuco é três anos mais velha que a primeira transmissão oficial de rádio no País.

Quando ainda não existiam transmissões radiofônicas na América do Sul, um grupo de amadores da TSF (Telegrafia sem Fio, como era conhecido o rádio na época), fundou a Rádio Clube de Pernambuco no dia 6 de abril de 1919. No dia seguinte, a edição da tarde do Jornal de Recife noticiou assim o facto:
"Consoante convocação anterior, realizou-se ontem na Escola Superior de Electricidade, a fundação do Rádio Clube, sob os auspícios de uma plêiade de moços que se dedicam ao estudo da electricidade e da telegrafia sem fio.

Ninguém desconhece a utilidade e proveito dessa agremiação, a primeira do género fundada no País". Vinte dias depois os seus estatutos foram aprovados e publicados pela Imprensa Nacional, comprovando a sua existência como a primeira rádio do Brasil. No entanto, naquela época o rádio não era o que é hoje. As primeiras transmissões da Rádio Clube só eram captadas através de um rádio receptor, construído artesanalmente e acompanhado por fones de ouvido.

Poucas pessoas, a maioria da classe média alta de Recife, tinham acesso às transmissões de óperas, obras clássicas e recitais que dominaram a programação dos primeiros anos. 

Só apartir de fevereiro de 1923, com a instalação de um pequeno equipamento de 10 watts, foi que a rádio passou a ser captada no centro de Recife.

Por isso, o seu pioneirismo foi bastante contestado com a chegada da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em abril de 1923. "O que poucos sabem é que a Rádio Nacional fez um estágio aqui em 1922, para aprender como era", relembra o assessor de marketing da Rádio Clube, Gilson Paiva, confirmando a vocação de laboratório que a rádio teve nos primeiros anos.

A Rádio Clube entrou também para a história com a primeira transmissão ao vivo de futebol no Norte/Nordeste em 1931. Através de um decreto assinado em outubro de 1935 pelo então presidente Getúlio Vargas, a rádio recebeu permissão oficial para executar a radiodifusão no País.

A grande profissionalizassão da rádio aconteceu em 1952, quando foi incorporada aos Diários Associados de Assis Chateaubriand. "Até 1939 não tínhamos concorrência, era o único sinal no Nordeste", completa Paiva.

A Rádio Clube sempre foi voltada para a informação e jornalismo. Na década de 40 no entanto, quem dominava a programação era o Rádio Teatro, com a participação de artistas consagrados como Lima Duarte.

Hoje, a programação contém música, desportos, notícias e prestação de serviços. A Rádio Clube faz parte do Grupo Associados de Pernambuco, que contém também a Rádio Caetés FM, o jornal Diário de Pernambuco e a TV Guararapes, retransmissora da programação da TV Bandeirantes.



RÁDIO DO SJCP - DE PERNAMBUCO PARA O MUNDO



Por Emília Spirlandelli

O slogan da emissora Rádio Jornal, empresa radiofônica do Sistema Jornal do Comércio de Comunicação, era "Pernambuco falando com o mundo".

Pode parecer estranho, mas o foco da empresa que nasceu em 4 de julho de 1948 era a Europa. Programas de auditório, humorísticos e desportivos eram iradiados em ondas curtas e em inglês. "Acredito que existia demanda, o proprietário da emissora, João Carlos Paes Mendonça, queria uma rádio com perfil diferenciado e focava o público fora do País.

A fonte de receita da empresa era a publicidade e era feita de forma amadora", conta o director executivo, Paulo Fernandez. Um dos maiores sucessos da emissora foi a radionovela Gerônimo, o heroí do sertão. "Era uma produção local e responsável por um dos maiores índices de audiência de rádio da época.

A década de 60 marcou a concorrência com a TV e a maioria do casting da emissora migrou para o novo formato de comunicação e entretenimento. A rádio amargou uma crise financeira que perdurou por 17 anos. Além da TV, outro responsável pela crise foi o desvio de verbas para a criação de uma emissora em Salvador. "A maior parte da renda da emissora em Pernambuco era destinada à construção de outra emissora na Bahia. Com isso a rádio viveu um período de pré-falência quase duas décadas."

Depois de dançar nas mãos de diversos donos, os funcionários da Rádio Jornal assumiram a direcção da empresa e mudaram o foco e o target da emissora, que já não era mais os europeus desde a década de 60. Hoje a Rádio Jornal divide com mais cinco emissoras de rádio, jornais impressos e emissoras de televisão, os investimentos do grupo Sistema Jornal de Comércio.

Além do jornalismo, a emissora foca a programação musical popular.



ESTAÇÃO SAT - DE VENTO EM POPA


Nova rede de rádio em Pernambuco já conta com cem afiliadas. Com apenas um ano e meio de existência, a Rede Estação Sat já demonstrou que veio para ficar. A rede já conseguiu cem emissoras afiliadas pelo Nordeste e Centro-Oeste do País, a operar em Recife com tecnologia digital de última geração. Além de contar com parcerias com a Tropical FM da Bahia, para o intercâmbio de programas, e com a Rádio K de Goiás, para a cobertura da Copa do Mundo, que alavancou afiliadas e anunciantes, o grande trunfo da Estação Sat foi a contratação do radialista "Mução", considerado um grande comunicador humorístico da região Nordeste.

"A idéia original era fazer uma rede de rádio regional. Esta foi a primeira que nasceu em Pernambuco", afirma o director comercial, Edmundo de Castro. Segundo ele, o Programa do Mução consegue uma audiência de 4 milhões de ouvintes por minuto. "Mução é escutado em Sergipe, Tocantins, Amazonas, Alagoas, Maranhão, Bahia, Paraíba, Ceará, Pará, Pernambuco e Brasília. "Ele consegue misturar a brejeirice do matuto com o humor urbano, agradando ao nosso público C, D e E", afirma Castro.

As promoções em eventos diversos são a principal arma da rádio para conseguir anunciantes. Eventos como o Recifolia, um carnaval fora de época, e uma média de três shows por mês nas praias pernambucanas são o bastante para conseguir anunciantes como Nestlé, Unilever e GM.
"Facturamos em média R$ 120 mil por evento, sendo que 50% fica para a rádio", revela Castro.


Comentários

Estou visitando o Blog pela primeira e gostei muito. Esse artigo sobre as rádios pernambucano ficou excelente.

Gostei da matéria sobre a mais velha rádio. Acessando o blog pela primeira vez. Hoje, de novo, o Brasil comemorando o pioneirismo errado do rádio - há 90 anos, desconsiderando os verdadeiros pioneiros. Em todas as reuniões da ABERT, que tenho participado como conselheiro, e que se fala em pioneirismo do Rádio citando a Rádio Roquete Pinto tenho contestado citando a Rádio Clube. Mas, não tem adiantado.

Quanto à Rádio Jornal, era de F.Pessoa a proprietário da Empresa Jornal do Commercio à época de criação do slogan "Pernambuco falando para o mundo". E não João Carlos Paes Mendonça que só em 1987 passou a ser proprietário.