THORENS TD124 - Um diamante eterno
Retrocedemos aos anos cinquenta. Na comuna suíça de St Croix, perto da fronteira francesa, um homem irá conceber um gira-discos que abalará o fabrico destas máquinas até aos dias de hoje.
Chamava-se Louis Thevenaz, era o director do laboratório de pesquisa da Thorens, sendo o pai do TD124, que é pura e simplesmente "ao nível técnico" o mais fabuloso gira-discos jamais concebido.
Esta afirmação faz a unanimidade no seio dos especialistas. Vamos compreender porquê!
Afim de não repetir o livro (magnífico) do Joachim Bung, vamos concentrarmo-nos sobre os detalhes técnicos (e são muitos!) que fazem a grandeza desta máquina.
O TD124 tem um segredo: é um caso único de união do rigor alemão, com a originalidade conceptual francesa e o génio mecânico italiano. Isto tudo junto dá o que se chama a precisão suíça.
Apresentação
Como podem ver pela imagem, o 124 é radicalmente diferente do G301. Embora os ingleses o considerem como o Rolls Royce dos " transcription Motors", não é o caso. O Thorens é um verdadeiro gira-discos com um braço incorporado e uma base de apoio. Tem 4 velocidades 16, 33, 45 e 78rpm, um verdadeiro estroboscópio interno e uma regulação de velocidade de +/- 3%.
Possui um sistema de arranque rápido e um adaptador de 45 (singles) escamoteável. Tem um sistema de equilíbrio do nível com uma bolha incorporada no corpo (muito importante com os "idler" pesados).
É um gira-discos semi-professional que ataca pela frente os Garrard e EMT, e isto explica o armamento excepcional embarcado.
Existem dois modelos, o TD124 e o TD124 MKII que tem uma estética mais moderna e um prato em liga de alumínio (ZAMAC).
Cerca de 5000 TD124 foram produzidos mais 3000 MKII, entre 1957 e 1968. O MKII é o mais procurado, mas o 124 é para os especialistas. Melhor fabricado, soa melhor, e para os fanáticos é o único e verdadeiro TD124.
Vantagens
A primeira é o sistema único (misto de correia e roldana) de motricidade. É um gira-discos a roldana (idler drive), mas o motor que possui uma polia única, move através de uma correia um volante que possui quatro polias que comandam a roldana. Este sistema permite filtrar as vibrações do motor, aumentar o diâmetro das polias e assim evitar as micro derrapagens de fricção, possibilitando ao motor menos esforço e menos potência, o que produz menos vibrações. Três coelhos de uma cacetada, é isto que se chama a originalidade conceptual francesa.
O sistema de arranque rápido é também muito engenhoso. Para evitar a variação da velocidade ao ligar o gira-discos (e evitar o gasto da roldana e do motor), o prato principal é coberto por um segundo prato em alumínio que se levanta (é um botão à esquerda do prato) enquanto o outro continua a rodar.
O fabrico tem tolerâncias de uma precisão rara. O eixo principal, Forjado a frio, torneado e depois endurecido cinco vezes e no final polido como um espelho (polido superior ao da Rolex na época) atinge a dureza de 75HRC, (é a mesma coisa para o eixo do volante e da roldana).
Está encastrado numa chumaceira maciça com duas camisas de bronze esponja "sintered" bronze que guarda o óleo e o restitui pouco a pouco. A tolerância eixo chumaceira é de <7 microns à saída da fábrica, isto é o rigor alemão.
O prato de 5Kg é feito de aço de carbono sem bolhas (cromolybden), como os guizos das vacas dos Alpes, forte, duro, pesado e sobretudo inalterável (a tolerância de <7 microns foi escolhida, uma vez que corresponde ao grau do aço cromolybden, e permite atenuar a ressonância prato/eixo/roldana).
Todas as peças em movimento estão equilibradas dinamicamente, e trabalham sem barulho.
O suporte de braço pode ser mudado a qualquer momento, basta desaparafusar os três parafusos.
O 124 é suspendido por quatro cogumelos em borracha "mushrooms" que são uma espécie de suspensão diminuindo o rumble. Os cogumelos entram em quatro botões que movidos estabilizam o nível do gira-discos, que se pode controlar pelo nível de bolha incorporado.
Para terminar, o corpo do gira-discos é feito de liga de alumínio nervurado (Zamac).
A estética é mais trabalhada que na Garrard ou EMT, com o prato coberto pelo corpo. Isto é o que as pessoas pensam, mas, na realidade a forma do corpo é para aumentar a resistência à torção. O G301 tem uma resistência de 98Kg, o EMT 930 de 154Kg, e o TD124 de quase 480KG! A forma é ditada pela função, e isto é o génio mecânico italiano.
Esta última vantagem permite ao 124 ter a rigidez braço/prato ao nível dos melhores do mundo actuais. Esta máquina sem electrónica e completamente mecânica, bem lubrificada e em bom estado tem uma velocidade estabilizada a 33rpm, de 0,01%, podendo ser variada em funcionamento de +/- 3%, e um rumble ponderado de -60 dB (com os cogumelos em bom estado e nivelado)! E tudo isto em 1957, estão a compreender porquê o 124 é o pai e o rei de todos os gira-discos modernos de topo de gama, e um caso único na história destas máquinas?
Inconvenientes
O mais conhecido é o motor, melhor construído, mais silencioso, mas menos potente que o dos G301/401, pode queimar-se se o eixo / volante / roldana não estiverem correctamente lubrificados. O prato em aço é magnético e atrai os ímanes poderosos (samarium/cobalto ou néodymium) das células MC, sendo necessário escolher a célula com atenção.
O maior defeito é a precisão de fabrico. O motor do tipo 4 pólos de tecnologia "buraco de esquilo" tem de aquecer a 40C +/- 1,5 para estabilizar a sua rotação, e é o mesmo para as peças em movimento.
Mesmo se inaudível, é necessário entre 10 e 15 minutos para que o prato esteja completamente estabilizado em rotação.
O último defeito (que explica que os "geeks / fanáticos" japoneses se tenham interessado menos pelo 124 que pelo G301, é o facto de que não pode ser melhorado objectivamente. É uma forma de perfeição técnica, e cada melhoramento estraga outras coisas, como se o L. Thevenaz o tivesse bloqueado para a eternidade, e talvez seja melhor assim.
Escuta
A principal qualidade do TD124 é o equilíbrio. A banda é muito larga e o grave poderoso e profundo (um dos melhores) fila nos agudos até ao céu.
Mas a qualidade que todos reconhecem é o seu nível de subtileza no médio (com o motor quente). Tudo o que está no sulco se ouve, e a um nível de precisão que nunca foi ultrapassado (mesmo pela EMT).
Ao contrário do G301, não marca muito o som, o que o obriga a ser equipado com braço e célula de grande qualidade.
O que é mais espectacular na escuta deste aparelho é a modernidade, o aspecto contemporâneo do som. Impossível com o gira-discos escondido acreditar que tem mais de 50 anos de concepção. Isto é o sinal de um verdadeiro mito e o gira-discos 124 é o autógrafo do Louis Thévenaz para a eternidade, e uma prenda de amor à música e à humanidade.
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Comentários
carlinhos bueno (não verificado)
Qui, 2012-04-26 15:24
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Re: THORENS TD124 - Um diamante eterno
Bom dia , adquiri uma Thorens TD 124 , e queria saber de Voce se podem me indicar alguem de confiança , para que possa enviar a minha pra fazer algumas regulagens no braço porque como adquiri a pouco não sei como se faz isso !! caso possa e ajudar agradeço , Sem mais . Grato
Anónimo (não verificado)
Seg, 2012-08-06 20:36
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Re: THORENS TD124 - Um diamante eterno
boa tarde, Tenho um thorens td 124 para venda. Alguem interessado?