A invenção da cassete

Separadores primários

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Vários tipos de cassetes
Philips EL 3300
Marantz PMD 222
Por Jorge Guimarães Silva

A gravação magnética tem origem no Telegraphone, que gravava o áudio em fio de aço, inventado por Valdemar Poulsen em 1898. O próximo passo no registo magnético foi dado por Fritz Pfleumer e pela AEG, na Alemanha, em 1932, com a invenção da fita magnética, que levou ao aparecimento, em 1957, nos Estados Unidos da América, da Dictaphone Dictet - a primeira cassete áudio.

A cassete compacta foi inventada por Lou Ottens, engenheiro da Philips, e apresentada a 30 de Agosto de 1963, no Berlin Radio Show, e nos Estados Unidos da América, em Novembro de 1964. Tornou-se no suporte de áudio analógico de gravação/reprodução de maior sucesso de sempre. Estima-se que mais de 100 mil milhões de cassetes tenham sido comercializadas.

A Compact Cassette (em português, conhecida, simplesmente, como cassete e abreviada na escrita como K7) consiste em dois rolos - um debitador e outro receptor - de fita magnética, dentro de uma caixa de 10 cm x 7 cm x 0,8 cm (1,2 cm, na parte mais larga).

A velocidade padrão de gravação/reprodução é de 4.76 cm/s (1 7/8 ips). A fita, de 3.81 mm de largura, comporta 4 pistas em simultâneo - 4 num só sentido ou duas pistas em duas direcções (alguns aparelhos profissionais conseguem 8 pistas, numa só direcção) - e foram comercializadas com diferentes comprimentos de fita sendo os mais comuns as de meia-hora de duração para cada sentido (C60) e 45 minutos (C90). Mas também era possível encontrar cassetes de C5 a C180.

As cassetes foram comercializadas com vários tipos de revestimento de fita: "Normal", IEC Tipo I, de óxido de ferro (Fe2O3), igualização de 120 µs; IEC Tipo II, de oxido de cromo (CrO2), igualização de 70 µs; IEC tipo III, ferro-cromo (FeCr), igualização de 70 µs; e IEC tipo IV, de Metal, igualização de 70 µs. As cassetes com fita IEC Tipo III, foram comercializadas entre 1973 e 1988, mas a partir de 1983 deixaram de ser comercializados equipamentos com essa opção. Existem, ainda, algumas variações no revestimento das fitas magnéticas, sem, no entanto, saírem do padrão técnico definido pela International Electrotechnical Commission (IEC).

A gama dinâmica das cassetes compactas rondava os 63 dB e a gama de frequências situava-se entre os 30 Hz e os 16 kHz, mas variava com o revestimento das fitas, a qualidade dos magnetofones e se era utilizado o sistema de redução de ruído Dolby (B, C ou S).

Foto 1: Vários tipos de cassetes compactas, mas também cassetes de limpeza e desmagnetização de cabeças dos magnetofones, para além de três formatos comercializados em Portugal — Micro-Cassette (Olympus, Japão – 1969), Mini-Cassette (Philips, Holanda -1967) e a Steno-Cassette (Grundig, Alemanha - 1971).
Foto 2: O Philips EL 3300 foi o primeiro gravador/leitor portátil de Cassetes Compactas. Teve a sua apresentação ao público em Agosto de 1963, na Funkausstellung (Feira de Electrónica de Consumo), em Berlim, na Alemanha. A frequência de resposta é de 120 Hz a 6000 Hz, gravação reprodução Mono, e uma dinâmica ligeiramente superior a 40 dB. O modelo da foto é o EL3302, de 1967. Em relação ao primeiro modelo, apenas foi alterado o botão de gravar de redondo, para retangular. Nos anos 1960/70, este modelo foi utilizado, nas emissoras de radiodifusão, como gravador de reportagem.
Foto 3: Marantz PMD 222. Este leitor/gravador de cassetes compactas foi um dos melhores equipamentos analógicos de reportagem para radiodifusão, na década de 1990.