Um livro sobre a história da rádio no meio de rádios antigos

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Que melhor cenário para apresentar um livro sobre a história da rádio que no meio de uma coleção de aparelhos de rádio antigos? Foi isso mesmo que aconteceu sexta-feira à noite, na Casa dos Condes, a biblioteca municipal de Alcoutim.

“A Rádio em Portugal: sempre no Ar, sempre consigo” é o título do livro que o seu autor, o investigador e professor universitário Rogério Santos, apresentou perante uma sala cheia de gente interessada.

A coleção de rádios antigos pertence a Orlando José, um designer de interiores reformado, que agora vive em Alcaria dos Javazes, já no concelho de Mértola, mas bem perto de Alcoutim.

O colecionador, que também assistiu ao lançamento do livro, contou ao Sul Informação que, ao longo dos anos, reuniu perto de 120 aparelhos. O mais antigo é um Phillips de 1927, que pode ser visto até 30 de Janeiro, na exposição «Memórias da Telefonia», na Casa dos Condes, à beira do Guadiana.

Mas voltemos ao livro sobre um período de afirmação da rádio em Portugal (1941 – 1968), abordando temáticas como os géneros radiofónicos, a publicidade, o papel da censura durante o Estado Novo e a mulher enquanto locutora e produtora.

A obra foi apresentada por Adelino Gomes, jornalista e professor, ele próprio uma das grandes figuras da rádio portuguesa das últimas quatro décadas.

Adelino Gomes lembrou que o subtítulo do livro, “Sempre no Ar, Sempre consigo”, era o slogan lançado pelo Rádio Clube Português, em 1963, quando esta, que era uma das grandes estações nacionais daquela época, se tornou a primeira a emitir 24 horas por dia, sem interrupções.

Pelo meio de muitos episódios, incluídos no livro de Rogério Santos, que recordou com o seu habitual estilo vivo, Adelino Gomes realçou o rigor da investigação do autor e foi-o instando a dar continuidade ao trabalho, desvendando páginas ainda não escritas da história da rádio em Portugal.

O jornalista falou ainda um pouco da atual fase da rádio e dos media em geral, que classificou como uma «transição incerta, na medida em que não sabemos onde nos irá conduzir», para sublinhar que «hoje em dia já não há um jornal que seja apenas jornal. É também um pouco rádio, um pouco televisão».

O livro, editado pela Colibri – cujo editor Fernando Mão de Ferro também esteve presente – foi apresentado durante a quinquagésima tertúlia “A Palavra Sexta à Noite”.

Desde cedo que Rogério Santos considera a rádio um elemento místico: «na magia da infância, procurei o dono da voz por detrás da telefonia, mas ele não estava, o que aumentou o meu fascínio e curiosidade».

Fonte: Sul Informação
Elisabete Rodrigues
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