Discos proibidos

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As datas de proibição de faixas de discos na Emissora Nacional são de 26 de junho e 20 de novembro de 1973.

Na perspetiva dos censores do Estado Novo, compreendo a proibição de tocar “Pergunto ao Vento que Passa”, de João Ferreira Rosa (1937-2017). O poema de Manuel Alegre “Trova do Vento que Passa” começa por “Pergunto ao vento que passa / Notícias do meu país / E o vento cala a desgraça / O vento nada me diz”. Também compreendo a proibição da canção de Antónia Tonicha, “Balada da Rotina Diária”, porque ela declama contra a energia nuclear e a fome no Biafra. Além da poesia de Manuel Alegre, cuja voz contra o regime vinha desde Argel, a referência à guerra do Ultramar (colónias) estava ali perto, pensaram os censores. Ou o lote de canções proibidas de Hugo Maia Loureiro ou Georges Brassens.

Agora proibir Artur Garcia? Ou “Espreita”, do conjunto típico Costa d’Ouro? Não eram as vozes que os censores da Emissora Nacional (ou com ordens recebidas da PIDE) criticavam, mas eram as letras. No caso de Garcia talvez a estrofe “barco parado não tem razão de ser” da letra de Jerónimo Bragança tenha levantado dúvidas, ele que foi sempre um fiel servidor da Emissora Nacional. E o conjunto típico devia cantar um poema com brejeirices, como Quim Barreiros fez depois.