
A imagem de 10 de julho de 1947 é a das que mais aprecio. A imagem reflete uma época e os seus hábitos e estilos. Primeiro, ouvir ópera no Teatro S. Carlos implicava um código de vestuário rígido. Segundo, a rádio tornou popular a música clássica (então designada séria) através de transmissões em direto de ópera. A Emissora Nacional desdobrou a oferta em dois programas em 1945, para garantir os dois gostos – ligeiro e clássico –, após entrada em funcionamento dos emissores de Castanheira do Ribatejo (ondas médias). As antenas de Azurara (Vila do Conde, 1954) permitiram alargar a oferta para a região norte do país. Terceiro (análise mais problemática a partir do desenho), a escuta de música clássica parecia ser mais masculina.
A Emissora Nacional e, agora, a Antena 2 formaram gerações de ouvintes exigentes de música clássica, uma obrigação necessária do serviço público. Ao mesmo tempo, desde o seu verdadeiro início em 1934, na fase experimental da estação e do tempo do presidente António Joyce, a Emissora Nacional foi responsável pela criação de orquestras, incluindo a sinfónica.