
Mais tarde, a 1 de janeiro de 1971, o programa Ginástica de Pausa, no 2º programa, seria emitido a partir das 10:45. Dos 15 minutos previstos de duração, Ginástica da Pausa nunca ultrapassava os seis, obrigando os estúdios a passarem música para preencher o tempo. O programa com outra designação, Ginástica Matinal, era gravado no estúdio A, o grande e mítico estúdio da Emissora Nacional.
Um crítico de rádio faria uma pergunta provocatória: a ginástica, mesmo com a designação de pausa, fazia sentido às 10:45? A essa hora, a classe trabalhadora estava nos seus empregos. Os patrões dispensariam os empregados para uma pausa com ginástica? Havia uma desculpa: quando a ginástica fez parte da programação da rádio, esta começava a emitir às 10:00, ou mesmo 12:00. Era a hora possível.
O desenho publicado a 25 de setembro de 1947 parece dos mais reacionários da série, pois coloca em desigualdade os lugares do homem e da mulher. Esta faz as tarefas domésticas como coser as meias do homem. Mas revejo a minha análise. Por um lado, o trocadilho da frase dita por ele tem piada. TSF (telefonia sem fios) foi uma designação popular para a opor à comunicação com fios. A rádio é um meio TSF – como hoje o são a televisão e o telemóvel. Sem fios quer dizer liberdade. Por outro lado, o quadro não é tão reacionário como escrevi. A mulher está entre a leitura de um livro e a escuta da telefonia (rádio), o que significa quase a vanguarda do conhecimento.