Passam, hoje dia 17, 100 anos sobre o nascimento do professor Marcelo Caetano (1906-1980).
Político, professor e historiador, licenciou-se em Direito, na Universidade de Lisboa, e doutorou-se em 1931.
Foi um homem notável, marcando uma geração de professores e políticos.
Durante a sua vida passou por vários cargos governativos, mas tornou-se conhecido do público em geral, quando, em 1968, na altura do afastamento de Salazar, foi nomeado Presidente do Conselho de Ministros, cargo que ocupou até 1974, tendo sido deposto com o 25 de Abril.
Contudo, os seus méritos de intelectual e professor de Direito não são apagados pelo seu desempenho político e governativo. Foi o fundador do moderno Direito Administrativo Português, cuja disciplina sistematizou e ordenou; influenciou várias gerações de juristas e de governantes, no modo de pensar uma
Administração Pública legal e sujeita ao contencioso.
Foi professor de Direito Constitucional e também aqui deixou a mesma influência nos vindouros (estudaram-se, pela primeira vez sob um ponto de vista jurídico e sistemático, os problemas dos fins e funções do Estado, da legitimidade dos governantes, dos sistemas de governo, etc.).
Foi ainda um historiador de Direito de méritos pouco igualados, designadamente, da Idade Média portuguesa; os seus estudos sobre as cortes de 1254 e de 1385 continuam ímpares. Aliás, o seu passatempo de historiador revela-se em cada manual das disciplinas dogmáticas em que são constantes as referências históricas e eruditas sobre cada assunto.
Morreu pouco tempo antes de ser publicado o I volume (e único) da sua História do Direito Português, sem desejos de regressar jamais a Portugal no exílio no Brasil, depois da Revolução dos Cravos que lhe retirou os direitos à totalidade da pensão de reforma.
Enquanto Presidente do Conselho de Ministros, soube usar bem a sua imagem de comunicador, tornando-se célebres as suas "conversas em família".
Ouça um extracto de uma dessas conversas na nossa área dedicada aos sons da História.