Falando de Ondas Curtas

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FALANDO DE ONDAS CURTAS



Em vastas áreas de África, Ásia e América Latina, a escuta das Ondas Curtas é o único meio de estar em contacto com o Mundo exterior.


Um indio e sinais de 

fumo


A rádio sucedeu à telegrafia com fios, em que se usava o código “morse”. Com base numa teoria do físico alemão Hertz, o italiano Marconi conseguiu que a propagação de ondas electromagnéticas no espaço transportasse os sinais de “morse”, recorrendo a um emissor de rádio, ou seja, sem utilizar fios.

Um outro físico e inventor, Fessenden, americano, realizou a primeira emissão de rádio com sons diferentes dos sinais de morse. Foi o autor de um sistema, que conseguia transmitir, através de uma válvula aperfeiçoada, qualquer som, incluindo a voz humana. Podemos dizer que realizou a primeira emissão de radiodifusão que existiu: foi na véspera de Natal de 1906, no Estado da Massachussets, USA. Fessenden leu uma história de Natal, tocou violino e desejou a todos os seus ouvintes um Bom Natal. Os seus ouvintes, nessa noite, foram apenas os operadores de rádio de serviço num barco ao largo da costa americana.

Por volta de 1920 começaram a aparecer as estações de rádio por todo o Mundo: Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, Nova Zelândia, Austrália e Dinamarca. Cinco anos depois, as estações já se estendiam por toda a Europa, Japão, Índia e México. Cerca de 1930 já se ouvia rádio em Onda Curta por todo o Mundo: a União Soviética transmitia em 50 línguas os seus programas de propaganda política; o mesmo tipo de programas em línguas estrangeiras passou a ser transmitido também pela Alemanha nazi e pela Itália fascista, em 1933 e 1936, respectivamente.

Antes, em 1923, tinha sido criada a BBC de Londres e, em 1943, apareceu a Voz da América para emitir propaganda durante a 2.ª Guerra Mundial.

Desde os primeiros tempos da rádio, foi possível acompanhar os acontecimentos de todo o Mundo quase no momento em que eles aconteciam. Os aparelhos funcionavam a válvulas e tinham uns minutos de aquecimento para começarem a trabalhar. Depois, durante mais de meia hora, continuava o aquecimento e era preciso sintonizar de novo, acertar a frequência, que “fugia”... Era um trabalho de paciência, de muita persistência e de habilidade.

Mas compensava: quem tivesse acesso a um receptor de Ondas Curtas e o cuidado de, diariamente, acompanhar as suas emissões, ficava a par do que acontecia no Mundo, pelo menos na maneira de ver dos responsáveis pela programação. A História era escrita dia a dia, para o bem e para o mal.


Rádio dos anos 30


Nos anos “trinta”, quando a Onda Curta começou a chegar a todo o Mundo, foi possível acompanhar a acção de Gandhi na Índia; a chegada ao poder de Salazar em Portugal e de Hitler na Alemanha; a invasão da Etiópia e da Albânia pela Itália de Mussolini e a terrível guerra civil em Espanha; o ataque do Japão à China e a anexação da Áustria pela Alemanha; o início da 2.ª Guerra Mundial, o ataque da União Soviética à Finlândia e a divisão da Polónia entre a União Soviética de Estaline e a Alemanha de Hitler.

Nos anos “quarenta” já os receptores de Onda Curta tinham melhorado, mas os homens não: os americanos lançam duas bombas atómicas sobre o Japão e os soviéticos instalam na Europa “a cortina de ferro”; criminosos de guerra nazis e japoneses são condenados à morte e a América auxilia a Europa com o Plano Marshall; a Índia divide-se em dois países (Índia e Paquistão) e é fundado o estado de Israel; dividem-se as Coreias (a do Norte e a do Sul), as Alemanhas (Ocidental e Oriental) e a China (com capitais em Pequim e Taipé).


Rádio almeão dos anos 50


Nos anos “cinquenta” os receptores ganham em potência e qualidade de som, aparecem também emissores mais potentes, que permitem um acompanhamento mais perfeito dos acontecimentos mundiais: trava-se a Guerra da Coreia e a China anexa o Tibete; morre Estaline na União Soviética e emerge Nikita Khruchtchev; é atingido o cume do Evereste, a montanha mais alta do Mundo; Tito torna-se presidente da Yugoslávia, Nasser do Egipto e Eisenhower dos Estados Unidos; o Vietname divide-se em dois (o do Norte e o do Sul) e o presidente brasileiro Getúlio Vargas suicida-se; o Egipto nacionaliza o Canal do Suez e na Hungria os soviéticos esmagam a revolta; é estabelecido o Mercado Comum Europeu, a União Soviética lança o “Sputnik” (1.º satélite artificial da Terra) e, em Portugal, O Gen. Humberto Delgado perde eleições fraudulentas.

Nos anos “sessenta” assiste-se à chegada dos rádios transistores, mais pequenos, mais baratos, sem aquecimento, mais duráveis e económicos. Principalmente, tornaram-se portáteis, o que permitia ouvir as emissões em qualquer lugar, usando apenas a antena incorporada. Era agora possível acompanhar melhor a marcha do Mundo: Fidel Castro toma o poder em Cuba e, no Brasil, é inaugurada a nova capital Brasília; John Kennedy torna-se presidente nos Estados Unidos e Patrice Lumumba é assassinado no Congo; Yuri Gagarin, cosmonauta soviético, é o primeiro homem em órbita da Terra e regista-se a crise dos mísseis soviéticos em Cuba; verifica-se a independência de um grande número de países africanos de língua francesa e inglesa e começa a Guerra do Vietname; dá-se a Revolução Cultural na China e o Biafra existe como estado independente da Nigéria durante 7 ou 8 meses; A Checoeslováquia é invadida pela União Soviética e, em Portugal, Marcelo Caetano substitui Salazar; Neil Armstrong e Edwin Aldrin, dois cosmonautas americanos, são os primeiros homens a caminhar na Lua.

Nos anos “setenta” a escuta da Onda Curta começa a limitar-se aos países de África, Ásia e América Latina, a pesar de terem aparecido boas séries de rádios das marcas “Grundig”, “Zenith”, “Sony” e “Nordmende”, entre outras. E a saga do Homem continua: dá-se a independência dos países africanos de língua portuguesa; Nixon visita a China e a União Soviética e demite-se na sequência do escândalo Watergate; nos Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, onze atletas de Israel são mortos por árabes e os árabes reduzem as exportações de petróleo; O Vietename reunifica-se e instala-se a democracia parlamentar em Portugal e em Espanha; a nave espacial americana “Viking” I aterra em Marte e, na China, morre Mao Tse Tung; morrem os Papas Paulo VI e João Paulo I e sucede-lhes João Paulo II.

Estes são apenas uma ínfima parte dos acontecimentos que marcaram a Humanidade desde a generalização da Onda Curta pelo Mundo até ao aparecimento de outros meios nas zonas economicamente mais desenvolvidas. Quem, mesmo nas zonas mais isoladas e distantes, pôde acompanhar os acontecimentos, no seu dia a dia, através do seu rádio de Onda Curta, decerto reconheceu estes acontecimentos e recordou outros que lhe ficaram mais na memória. Pode dizer-se que um ouvinte de rádio não deixa que a História lhe passe ao lado, antes a observa de lugar privilegiado, relacionando os factos, antevendo soluções.

(A pesar do aparecimento, nos últimos tempos, das chamadas “rádios comunais”, as estações de rádio existem predominantemente nos principais aglomerados populacionais. Como a distância entre aquelas localidades é sempre considerável, não é viável escutar a Onda Média e muito menos a Frequência Modulada (FM), porque estes dois meios estão apenas ao alcance de quem viva mais ou menos próximo das cidades.


Rádio miniatura SONY


Torna-se então necessário recorrer à Onda Curta, cujas características fazem com que o som de um emissor seja levado a qualquer distância, dependendo da sua potência, da antena a que está ligado, das horas do dia ou da noite a que transmite, da frequência que utiliza, dos meios de recepção do ouvinte, etc..

Podemos pensar num ouvinte em Mabote, no interior da província de Inhambane, e tentar descobrir que hipóteses tem ele de ouvir uma emissão da Rádio Moçambique (RM). Sabemos que as cidades que têm emissores e que ficam mais próximas de Mabote são Inhambane e Beira. Em linha recta, estas cidades ficam a cerca de 250 Km de Mabote.

Vamos considerar Inhambane: a cidade tem o Emissor Provincial, que transmite em 1206 kHz, 249 metros, Onda Média, com 5 Kw (diz-se quilo-uotes ou quilovátios) de potência. De dia, a potência do emissor não permite chegar além de Homoíne, talvez Morrumbene, no máximo. À noite, com um bom rádio, talvez se pudesse ouvir uma pequena parte da emissão em Mabote.

Agora vamos ver o que acontece com a Beira: aqui há dois emissores de FM (Antena Nacional e Emissão Provincial + Rádio Cidade), que servem apenas a cidade e arredores. Há também um emissor de Onda Média que transmite a Emissão Provincial, com 50 Kw de potência. De dia, é demasiado longe para se ouvir em Mabote, mas à noite talvez se pudesse ouvir alguma coisa. Chimoio também tem Onda Média, mas é mais longe.

No entanto, na Beira há emissores de Onda Curta, no Dondo, que começaram a funcionar em 1970.

A solução para o ouvinte em Mabote é a escuta da Onda Curta. Pode escolher entre a Antena Nacional e a Emissão Provincial. A Antena Nacional transmite de manhã e à noite na banda dos 90 metros (frequência de 3280 kHz – diz-se quilohertz), enquanto que, durante o dia, pode ser escutada em 31 metros (frequência de 9635 kHz – também se diz quilociclos por segundo e neste caso a abreviatura é kc/s). A Emissão Provincial de Sofala transmite em 90 metros (3370 kHz), em hora local de Moçambique, das 04.50 às 07.00 (de manhã) e das 17.00 às 00.10 horas (à noite). Transmite também durante quase toda a sua emissão, das 04.50 às 22.00 h, na banda dos 31 m (9635 kHz)

Daqui já podemos tirar algumas conclusões sobre as bandas utilizadas em Onda Curta, dependendo da hora:
- De manhã e à noite utilizam-se as frequências mais baixas, 3200 a 3400 kHz, por exemplo, a que corresponde a banda dos 90 metros; - Durante o dia usam-se as frequências mais altas, 9400 a 9990 kHz, (9635 para a Antena Nacional) que equivalem à banda dos 31 metros.

Mas o que é isso de bandas e de frequências? A Rádio Moçambique (RM) tem registadas bandas para cobrir o território nacional e ainda dá para ouvir nos países limítrofes, principalmente nas regiões junto à fronteira moçambicana.

A estação oficial de rádio que hoje conhecemos por Rádio Moçambique, começou por se chamar “Grémio dos Radiófilos” quando foi fundada em 1933. Como o governo colonial não tolerava “Grémios”, cinco anos mais tarde tomou o nome de “Rádio Clube de Moçambique”. Após a independência, como o partido no poder não autorizava “Clubes”, passou a chamar-se simplesmente “Rádio Moçambique”.

Como vimos, a Frequência Modulada (FM) tem alcance local. Raramente se ouve para além de certos limites, mas oferece uma qualidade de som superior. A Rádio Moçambique tem três emissores de FM em Maputo (Antena Nacional, Rádio Cidade e Maputo Corridor). Em FM também se escuta a Antena Nacional em Xai-Xai, Beira, Quelimane, Tete, Nampula, Lichinga e Pemba, através dos respectivos emissores locais.

A Onda Média tem maior alcance do que FM e, à noite, pode viajar centenas de quilómetros e ser escutada longe, se não houver outro emissor na mesma frequência (kHz) ou comprimento de onda (metros) – a Onda Média não tem bandas. Este é o meio mais utilizado para cobertura intermédia e a RM tem quatro emissores de Onda Média em Maputo e um em cada uma das seguintes cidades: Inhambane, Beira, Chimoio, Quelimane, Tete, Nampula, Lichinga e Pemba.

A Onda Curta é, de facto, uma realidade separada. É um meio de informação, que salta fronteiras sem passaporte, nem qualquer autorização...

A Rádio Moçambique tem, desde os anos “quarenta”, emissores de Onda Curta na Matola, a poucos quilómetros de Maputo. Utiliza as bandas de 90 – 61 – 49 – 31 e 25 metros. A banda de 91 m à noite e para mais perto; a de 25 m de dia e para mais longe... Isto teoricamente, porque quando é Inverno na Europa, à noite, rádio escutas de países nórdicos, equipados com receptores de comunicações, conseguem ouvir Maputo na banda dos 90 metros!



UM POUCO DE HISTÓRIA...


Vamos agora recuar aos anos “sessenta” em Moçambique, quando ainda só havia Emissores Provinciais em Nampula, em Quelimane e em Pemba. Um ouvinte que estivesse na cidade Inhambane, onde o emissor só abriu em 1972, apenas tinha a possibilidade de escutar rádio em Onda Curta. As rádios mais próximas estavam em Maputo (Rádio Moçambique) e na Beira (Emissora do Aero Clube e Rádio Pax).

A opção natural, em termos de qualidade de programas, facilidade de recepção e horas de emissão, recaía sobre a Rádio Moçambique, em Maputo. De manhã cedo, começava por se ouvir a emissão em língua portuguesa na banda dos 91 metros. Pelas sete horas já se ouvia melhor em 61 metros e apartir das nove ou dez horas mudava-se o ponteiro do rádio para os 49 metros. Na época mais quente do ano também se ouvia em 31, 25 e 19 metros, mas estas bandas eram destinadas ao Centro e Norte do País.

À noite fazia-se a “viagem” de regresso: pelas 18 horas escutava-se em 61 metros e, pela noite dentro, até ao fim da emissão, em 91 metros. À noite, os mais curiosos notavam que, na banda dos 90 metros se escutava também África do Sul, o Zimbabwe e a Emissora do Aero Clube da Beira (fraco). A SABC (South African Broadcasting Corporation) Corporação de Radiodifusão da África do Sul, tinha um serviço em Inglês, outro em Afrikaans e um comercial (a Springbok Radio) nesta banda dos 90m.

Na banda dos 75 metros, também à noite, aparecia a Rádio Pax da Beira, que fechava às 23.00 horas e era a outra alternativa para quem escutasse rádio em Inhambane.

Nos anos “sessenta”, durante o dia, na banda dos 49 metros, também se escutavam os três canais da SABC da África do Sul, embora se obtivessem melhores condições nas bandas dos 31 e 25 metros. Quem quisesse ouvir, nessa época, países americanos ou europeus, teria de sintonizar os 13m durante o dia e os 16m à noite. Também apareciam algumas estações de países distantes na banda dos 11m, que corresponde às frequências mais altas da Onda Curta.

Quem estivesse no Sul de África, poderia ouvir, por exemplo, na banda dos 13m, a “Voz da América” em 21690 kHz, Lisboa em 21700 e a BBC de Londres em 21710, todas seguidas. Em 21590 escutava-se a Suíça e a ORTF de Paris em 21600, por exemplo...



À PROCURA DE INFORMAÇÃO


A autoridade colonial mantinha uma “Comissão de Censura”, destinada a filtrar a informação que chegava ao público através da rádio e dos jornais. Os mais velhos lembram-se, certamente, que no canto superior direito dos jornais aparecia, bem visível, a inscrição VISADO PELA COMISSÃO DE CENSURA.

Este procedimento era e continua a ser comum a todos os regimes de partido único, pelo que as pessoas tinham necessidade de obter informação alternativa, não dependente da propaganda oficial.

Há quarenta anos o meio mais seguro, que não tinha existência física, nem deixava vestígios, era a escuta da Onda Curta, que chega a todo o lado sem precisar de meios de transporte ou vias de comunicação... Quem vivesse em zonas sem emissoras de rádio, usava o seu receptor de todos os dias para o fazer.

Uma das emissoras mais ouvidas era a “Rádio Brazaville”, que transmitia um noticiário em Português apartir da capital da República do Congo. À hora certa ouvia-se o indicativo da estação em língua francesa: - Ici Brazaville, Office de Radiodiffusion Television Française. Eram os serviços africanos da ORTF de Paris, que tinha estúdios e emissores na cidade de Brazaville, ao abrigo de uma acordo entre a França e a República do Congo. Como se tratava de um país com uma democracia parlamentar estabelecida, considerava-se que a França proporcionava uma informação pluralista de confiança.

Declaração Universal dos Direitos do Homem:
Artigo 19.º
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e espalhar, sem consideração de fronteira, as informações e as ideias por qualquer meio de expressão.



O IMPÉRIO COLONIAL


No ano de 1961 registaram-se acontecimentos importantes para Portugal e para as colónias portuguesas:
- Em Janeiro, o paquete “Santa Maria” foi tomado de assalto por opositores ao regime de Lisboa;
- Em Fevereiro registou-se o ataque à prisões de Luanda, em Angola.
- No mês seguinte verificou-se derramamento de sangue no Norte de Angola.
- Ainda em 1961, em Dezembro, a União Indiana anexou Goa, Damão e Diu – o chamado “Estado Português da Índia” – e Portugal perdeu também o enclave de São Baptista de Ajudá, na África Ocidental.

Tanto a “Emissora Nacional” de Lisboa, como a “Emissora Oficial de Angola”, como ainda o “Rádio Clube de Moçambique”, todas controladas pela autoridade portuguesa, apresentaram a versão oficial dos acontecimentos. Não existia liberdade de informação, nem pluralismo no pensamento, nem debate de ideias, pelo que também não havia uma opinião pública esclarecida.

Mais uma vez entra em cena a Onda Curta para obviar estes inconvenientes e preencher este vazio no direito à informação. Quem dominava a língua inglesa nos países do Sul de África, tinha como escolha natural a escuta da BBC de Londres, na procura de fontes alternativas. Ainda hoje esta emissora mantém, na informação que apresenta, uma linha independente e objectiva, mesmo quando o Reino Unido está envolvido nos acontecimentos (caso da Guerra das Malvinas, em que a BBC dava a mesma relevância tanto aos comunicados ingleses, como aos argentinos).

Quem tinha apenas acesso à língua portuguesa, escutava a Rádio Brazaville e, durante algum tempo, a Rádio Katanga, na banda dos 25 metros.

Estava-se em plena “guerra fria” e emissoras de países antagónicos, como a Rádio Moscovo e a Voz da América, faziam a leitura que mais lhes interessava destes e de outros acontecimentos de todo o Mundo.

Para quem mantinha a independência de opinião, era interessante observar como o mesmo assunto poderia ter interpretações diferentes, conforme a proveniência da emissão...

À noite, algumas pessoas também escutavam Moscovo em língua portuguesa, na banda dos 31 metros.

Para contrariar as ideias disseminadas pela Rádio Moscovo, a Emissora Nacional, de Lisboa, apresentava o programa “A verdade é só uma: Rádio Moscovo não fala verdade”. E lá aparecia outra “verdade”, a versão de quem falava, a que se seguia outra realidade, e depois outra interpretação e assim sucessivamente...

A partir destes casos concretos, já aqui falámos de bandas ou comprimentos de onda (em metros) e em frequências (kHz ou Kc/s). Olhando para um receptor de rádio tradicional, dito “analógico”, vê-se um ponteiro, que percorre um quadrante cheio de indicações escritas. Estas indicações referem-se às bandas que o rádio pode receber:

Imagem de um dial com a indicação das emissoras


- FM (Frequência Modulada), em megahertz (MHz), dos 88 aos 108;
- Onda Curta, em metros (dos 11 aos 120, os rádios mais completos), que correspondem a kHz (dos 1711 aos 30 000);
- Onda Média, em metros (dos 577 aos 175), que correspondem a kHz, (dos 520 aos 1710);
- Onda Longa, em kHz, dos 153 aos 519. Na África Austral não se vendem, normalmente, rádios com esta Onda Longa, porque não existem aqui, nem nas Américas, emissoras a transmitir nessas frequências. Esta Onda é habitualmente usada por emissoras de rádio noutros pontos do Mundo, algumas utilizando transmissores de milhares de Kw de potência (são bem conhecidas a R. Montecarlo, a R. Luxemburgo e R. Europa 1).


Comentários

Gostava de saber, já que não me lembro, como se chamava o programa da EOA apresentado pelo locutor Eduardo Hélder, ao pôr do sol, por volta de 1968, 1969. Ouvia esse programa em OC ou OM e deliciava-me olhando aquele pôr do sol lindo. Como se chamava o programa ?

Isto fez-me muitos anos para trás, para Nampula.
Nós em Moçambique começávamos o dia muito cedo e depois dele, por volta das 19 horas, jantávamos. Depois até às nove, 10 horas da noite (que já começava a ser tarde para os nossos hábitos), ouvíamos normalmente o Emissor Regional do Norte, o RCM em Lourenço Marques e toca de ir para a cama , que no dia seguinte era dia de trabalho.
Não tínhamos TV e, tirando o rádio, era o cinema, que acabava por volta da meia noite. Aos sábados, quando calhava, os bailaricos no Niassa ou na piscina do Ferroviário.
O domingo era um dia em que nos deitávamos cedo, porque segunda era dia de trabalho.
Era uma vida simples, mas feliz.

Elaborei este trabalho nos anos "90", a pedido de um amigo que tinha uma página de... conchas marinhas!...
Ele era também "doente" das Ondas Curtas e estava em Moçambique, onde tinha ido abrir um Banco.
Foi publicado naquela página muito mais do que aqui está, mas nunca terminei o artigo.
Aliás, este trabalho fica sempre incompleto.
A Onda Curta foi de facto protagonista principal da rádio difusão internacional durante várias décadas.
É triste dizer que tem vindo a ser substituída pelo FM, Onda Média, satélites, internet, TV, sabe-se lá que mais...

Como saber que metragem determinada radio está transmitindo?
EX:Como saber se a emissora 13315 khz está em 31 metros ou 49 metros, e assim por diante?

Me disseram que divide a frequencia por 300.
Isso está correto?

Para se saber o comprimento de onda (em metros), divide-se 300.000 pelos quilociclos. Quando se quer saber a frequência (em quilociclos), se divide 300.000 pelos metros...
Para saber o comprimento de onda a que corresponde a frequência de 13315 kHz, faça esta conta:
300.000 : 13315 = 22,53 metros

Muito bom o artigo. Pena que não falou do Padre Roberto Landell de Moura. Ele foi um pioneiro que trabalhou na cidade de São Paulo (Brasil). Outras informações podem ser lidas em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Roberto_Landell_de_Moura

Atencosamente

Roberto F.Correia

Retrato de aminharadio

Caro Roberto, muito obrigado pelo seu comentário.

Felizmente, existe no site abundante informação sobre Landell de Moura. Artigos, biografia, fotos, uma réplica de um dos seus inventos, video, etc.

Procure, por favor, na caixa de pesquisa.

O site tem um carinho muito especial por esse cientista. Disponibiliza um sub domínio para o site de Luiz Netto, um estudioso de Landell.

A nossa Wiki aguarda entradas sobre este assunto. Por favor, se entender colaborar... http://wiki.aminharadio.com

Cordialmente,

A equipa de aminharadio.com

António Silva - aminharadio.com