OS ANOS 30
Nascido em 1928, graças ao dinamismo de Jorge Botelho Moniz e Alberto Lima Bastos, o Rádio Clube Português depressa se tornou popular. Instalado numa vivenda na Parede (arredores de Lisboa) a pequena estação emissora depressa ganhou um lugar à parte no meio radiofónico nacional, graças ao espírito inovador e brincalhão das suas emissões.
A Rádio Renascença surgiu da ideia de que a Igreja necessitava de um novo instrumento de trabalho, constituindo-se a "Liga dos Amigos da Rádio Renascença", uma sociedade que passou a reunir donativos com esse objectivo.
Esta emissora fez, em 1936, as primeiras experiências, na Charneca da Caparica, iniciando as emissões diárias em OM e OC, em Janeiro de 1937. Ano e meio depois, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, aprovava os estatutos da Liga.
Entretanto, a Rádio Oficial estava em gestação. Data de 1930, o Decreto-Lei 17 899, que cria, na dependência dos CTT, a Direcção dos Serviços Radioeléctricos e autoriza a aquisição de dois emissores de O.M. e O.C. Este diploma declara "monopólio do Estado todos os serviços de radiotelefonia, radiodifusão, radiotelevisão e outros que venham a ser descobertos e se relacionem com a radioelectricidade".
Em 1933, fazem-se as primeiras emissões experimentais a partir de um emissor de O.M. de 20 Kw instalado em Barcarena e é nomeado Director Artístico dos Estúdios o Dr. António Joyce.
Em 1934, são criados a Direcção dos Estúdios da Emissora Nacional e um Conselho de Programas, enquanto os estúdios são transferidos para o n? 2 da Rua do Quelhas, em Lisboa.
Após um ano de funcionamento, a título experimental, a inauguração oficial fazia-se em 1 de Agosto de 1935. A primeira Direcção da E.N. foi constituída pelo cap. Henrique Galvão, Eng. Manuel Bivar e Dr. Pires Cardoso.
Já então (Agosto de 1934) se haviam iniciado as emissões para o Ultramar, através de um emissor de Ondas Curtas de 1 kw.
Seis anos mais tarde, as estatísticas apontavam a existência, em Portugal, de cerca de 100/mil aparelhos de telefonia.
A Guerra de Espanha vem dar maior relevo à importãncia da Rádio. Travava-se uma autêntica "Guerra no éter". Pertence à história o envolvimento do Rádio Clube Português no conflito.
Confrontada com a existência de um vasto território ultramarino e de uma numerosa colónia lusa espalhada pelos cinco cantos do Globo, a Emissora Nacional aumenta, em 1937, a potência do seu emissor de Ondas Curtas para 10 kw. Em 1938, lança nova iniciativa: “A Hora da Saudade”, destinada ao envio de mensagens para os portugueses na Europa, Brasil e América do Norte. Este programa ganharia, mais tarde, particular importância como veículo de ligação entre os pescadores da frota bacalhoeira e os seus familiares.
“Se não falha este aparelho que parece estremecer às menores vibrações da minha voz, eu estarei falando neste momento à maior assembleia que em Portugal alguma vez se congregou a escutar a palavra de alguém" |
Muitas vezes Salazar se serviu da E.N. para as suas mensagens políticas aos portugueses.
Os anos trinta da Emissora Nacional foram assinalados por uma grande actividade, a que não era estranha a concorrência das estações privadas. Na EN, as transmissões dos estúdios - palestras, concertos, variedades, teatro radiofónico... alternavam com os exteriores, desde as actividades culturais às desportivas, dos actos de variedades aos festivais de folclore.
Faziam-se os primeiros relatos de futebol; transmitiam-se as romagens de Fátima; tentava-se a cobertura dos principais acontecimentos do estrangeiro, como a transmissão das cerimónias do casamento do Duque de Gloucester e os XI Jogos Olímpicos de Berlim em 1936.
Comentários
Anónimo (não verificado)
Sáb, 2006-09-09 13:07
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RCP hoje
Actualmente existe uma emissora chamada Rádio Clube Português, mas que, infelizmente, nada tem a ver com o RCP original.
Aproveita, por razões de markting barato, o nome da antiga estação emissora que tanto deu à rádio, quer inovando, quer sendo berço de grandes profissionais.
JOSÉ LOPES
Seg, 2006-09-25 22:09
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Sim é verdade o que diz ,
Sim é verdade o que diz , mas não deixo de aplaudir os reponsáveis por terem mantido o nome de RCP, isto apesar num passado não muito longe esta estação ter tido outro nome "Rádio Nostalgia"...
Luiz Dias (não verificado)
Qua, 2007-02-07 18:08
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Agora a velhinha EN está
Agora a velhinha EN está incorporada RDP onde "reside" a Televisão e
constituem uma única empresa.
Deste casamento forçado resultou um tremendo desastre. Foi encerrado o
"Museu da Rádio" um espaço previligiado onde estava um grande acervo
museológico e preparam-se pare desmantelar o Museo sem consideração
pelas dádivas de tanta gente anónima ao longo de anos. Cerca de 1100
metros quadrados de exposições vão ser pura e simplesmente desmantelados só porque a "iluminada" gestão da emprêsa pretende vender o imóvel e realizar mais valias.
Assim vamos neste abençoado país onde a cultura não reside.
Pode ser que o Comendador Berado faça um acordo com a Sra. Ministra da
"cultura" e salve o Museu.
Luiz Dias