Homenagem ao radialista brasileiro

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Homenagem ao radialista brasileiro

O rádio brasileiro tem história, comunmente ela se transformou em passado indo embelezar as matérias de escritores e de apreciadores deste invento monumental.

Na faculdade de jornalismo em que nos formamos em Comunicação Social, quando começamos a estudar as disciplinas referentes ao rádio, a paixão veio de imediato. Como admiradores deste invento procuramos sempre dentre os nossos trabalhos favoritos falar sobre o rádio e sua história, bem como sua importância para a humanidade.

Confeccionamos trabalhos sobre a história do rádio para Congressos e Simpósios patrocinados pela Rede Alcar e a Metodista de São Paulo. Como integramos o quadro de colunistas do site: “Caros Ouvintes” - estamos sempre a contribuir com nossas matérias sobre o rádio.

A história da invenção do rádio é muito controvertida, pois uns alegam que foi Guglielmo Marconi o inventor (A invenção do rádio é creditada ao inventor e cientista italiano Guglielmo Marconi, nascido em 1874 na cidade de Bolonha), outros o padre Roberto Landell de Moura.

Marconi só teria transmitido sinais do Código Morse, enquanto o padre gaúcho Landell de Moura em seu invento transmitiu a voz. Eis aí a questão. Marconi teve muitos precursores e Landell fez os seus estudos e práticas sem ajuda de ninguém. Por essas práticas foi condenado pela própria religião que professava.

O fato primordial foi o tempo, pois quando Landell se deslocou para os Estados Unidos da América (EUA) Marconi já tinha patenteado o seu invento, três anos atrás. O padre Landell deixou de ser o inventor de fato e de direito, mas diante destas nuanças ele conseguiu outras patentes entre elas a do telefone sem fio. A 24 de julho de 2006, o Presidente da República sancionou a Lei nº 11.327, instituindo o Dia do Radialista, a ser comemorado no dia 7 de novembro, dia do nascimento do radialista e compositor Ary Barroso, homenageando todos os profissionais que tornam o rádio mais dinâmico e interessante.

Ary com a sua orquestra, 1955


Por Ivan Dorneles Rodrigues (*) em 07/11/2008.

Talento multiforme, Ari Evangelista Barroso, deixou um nome inesquecível no mundo do rádio, da televisão e da música. Nascido em Ubá, Minas Gerais, a sete de novembro de 1903, Ari, quando jovem, dedicou-se à composição musical. Confiante em suas produções, ainda não divulgadas, deixou Minas e tentou sua sorte no meio artístico carioca, onde fez relações que vieram a influir em seu destino. Uma delas, a de Renato Murce que o aproveitou em seu programa “Hora de Outro Mundo”.

Nesta audição radiofônica ele revelou dentre outras, as suas qualidades de humorista, cuja verve se entremostrou depois na produção de peças para o teatro de comédia e de revista, muito festejadas pelo público. Tivemos muitos nomes de destaque no rádio brasileiro: Roquete Pinto, que fundou a Rádio Nacional do Rio de janeiro, mas ainda existe a discussão em torno do assunto, já que os pernambucanos afirmam terem fundado a Rádio Clube de Pernambuco e este seria o marco da radiodifusão brasileira.

Mesmo assim Roquette ficou conhecido como o Pai da radiodifusão no Brasil. A primeira transmissão da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro aconteceu às 20h30 do dia 1º de maio de 1923. O evento aconteceu no interior de uma sala de física da Escola Politécnica, com o equipamento de radiotelegrafia que a Western Eletric trouxera dos Estados Unidos para a Exposição Comemorativa do 1º Centenário da Independência. Os poucos ouvintes da Estação da Praia Vermelha puderam ouvir, anunciado por Caubi Araújo, o discurso de inauguração da Rádio Sociedade, realizado por seu idealizador Edgar Roquette Pinto. Estava dado o passo inicial para divulgação da arte, cultura e educação através das ondas curtas de rádio.

Paulo Gracindo, anos 50

Tivemos grandes profissionais de rádio no Brasil, mas para não cometer injustiças não iremos citar nomes. Partindo para a história da radiodifusão no Ceará temos a informar que: “O Ceará, como uma experiência de povo que se insere num espaço e tempo particulares guarda em sua memória uma história coletiva de pobreza, miséria, seca, calamidades sociais que trafegam os séculos. Mas, essa memória-imagem se intersecciona com outras visões. O Ceará das ideias visionárias, da Confederação do Equador, da Padaria Espiritual, da Abolição da Escravatura. É essa união entre contingência e inovação que molda o destino desse povo”.

O rádio na atualidade ainda é um veículo de grande representatividade como mostram os números de aparelhos de radiodifusão sonora existentes no mundo e no Brasil, assim como as peculiaridades brasileiras sobre o hábito de escuta.

Em 1997, existiam 2.432 milhões de aparelhos de rádio no mundo. Dividindo-se por mil habitantes dá um total de 418, ou seja, a cada mil pessoas 418 possuem aparelho de rádio. Quando se compara aos aparelhos de televisão, tem-se um total de 1.396 milhões, significando que a cada mil pessoas, 240 possuem televisão, quase a metade das que possuem rádio.

No Brasil, neste mesmo ano, a UNESCO aponta que existam 71.000 mil (71.000.000) aparelhos de rádio, o que indica que a cada mil pessoas, 434 possuam um aparelho receptor. Numa pesquisa do Marplan (Instituto Internacional de Pesquisa) e IBOPE, publicada no jornal O Povo no dia 11 de novembro de 2001, sobre o rádio, tem-se a constatação de que 98% das residências possuem pelo menos um aparelho de rádio, 83% dos automóveis têm rádio e 51% da população têm walkman (rádio pequeno e portátil). E mais: 98% da população acima de 10 anos ouve rádio; 75% escuta rádio todos os dias, numa de 3 horas e 45 minutos por dia.

Resumo histórico do Rádio cearense

"João Dummar o pioneiro da radiofonia cearense, fundador da Ceará Rádio Clube-PRE-9 em 1934 e tantos outros"... Figuras importantes da radiofonia cearense:

Além dos que já foram citados nas entrelinhas deste trabalho começamos com o que teve a primazia de ser o pai da radiodifusão no Ceará; Paulo Lima Verde nos idos de 30 e 40 em Fortaleza era casado com dona Leda, os filhos Reyne, Narcélio, Paulo Lima Verde "o bote seu Paulo"; Eduardo Campos nos anos 50(Não faltam talentos nas redações das emissoras). "E ninguém perde a "Crônica do Ceará", ao meio dia, escrita por Otacílio Colares; Nem "ponta de lança", um comentário cáustico de Armando Vasconcelos, a fazer época com sua frase preferida; doa a quem doer"! (Eduardo Campos), Tudo era mais bonitos, fascinantes, mágicos, mas era o estúdio com seus locutores de vozes possantes, que causavam maior "frisson", novelas, humorísticos, orquestra tinha gente que ia "brechar" no oitavo e nono andar do Edifício Diogo o ensaio dos artistas.

Ângela Maria

Paulo Cabral, Diretor da PRE-9, contratou para trabalhar naquela emissora, quando tinha onze anos. Ma o contrato teve de ser rescindido, em face da moral doméstica. Era pecado trabalhar em rádio. A discoteca da ceará rádio Clube, no Edifício Diogo. Milhares de discos de cera cuidadosamente guardados em estantes envidraçadas. Parecia um santuário onde Gerardo Barbosa era o sumo sacerdote e Tereza Moura de Aquino, a sacerdotisa.

A Rádio Iracema de meu tempo com Armando Vasconcelos veio concorrer com a (Ceará Rádio Clube), inaugurada em 9 de outubro de 1948, fundada pelos irmãos Parentes (José e Flávio) e pelo Dr. José Josino da Costa e conhecida como ZYR-7 passou a funcionar no Edifício Vitória; Antes de criar a Comédia Cearense, Haroldo Serra foi locutor e radioator da Rádio Iracema, na sede própria na Praça José de Alencar; Carlos Alberto começou ainda "frangote" de voz indefinida, como locutor da Rádio Iracema onde apresentava programa para a juventude da qual fazia parte; Filho do famoso maestro Lisboa, José Lisboa, começou como cantor da "Iracema". Mais tarde, se transformaria também, em animador de auditório.

Conservador e fiel às origens: continua na mesma emissora, onde tem programas populares; Ayla Maria começou na Iracema, uma menininha que subia numa cadeira para poder abraçar o microfone. Cresceu ali, virou estrela, virou mulher. Ainda é estrela maior da constelação de cantoras de nossa terra. Teresinha de Jesus; O "Bem-te-Vi" e o "Rouxinol". Este casal, também conhecido como Alan Neto e Ivanilde Rodrigues, sempre foram da "taba de Iracema". Ele, com camisa moderninha, ela, com lacinho na testa. Um casal que decididamente deu certo. Vêm a Uirapuru fundado em 16 de junho de 1956, Fez à transmissão da eleição da Miss Brasil, Jaime Rodrigues falou de Buenos Aires e Fernando Lopes narrou o desfile.

A ZYH-25, conhecido como a emissora do pássaro teve também seus momentos de glória. Aproveitando o ensejo vamos enumerar os superastros da locução cearense: Você se lembra de alguns deles? Os irmãos Cabral de Araújo (José e Paulo); Manuelito Eduardo; João Ramos; Aderson Braz; Mozart Marinho; Almir Pedreira; Albuquerque Pereira; Antonio Almeida; Narcélio Lima Verde: Alexandre Colares; Mattos Dourado; Wilson Machado; Valdir Xavier; Jaime Rodrigues; Augusto Borges; Ivan Lima; Oliveira Filho; José Santana; Juarez Silveira; José Júlio Cavalcante; Peixoto de Alencar; Nazareno Albuquerque; Cid Carvalho; Palmeira Guimarães; Edson Martins; Paulo Augusto; José Edilmar; Haroldo Serra. Armando Vasconcelos e muitos outros. As "Lady-Speakers" também tiveram sua vez, cito aqui algumas que se destacaram: Maria José Braz; Laura Santos; Ruth de Alencar; Celina Maria; Karla Peixoto; Vera Lúcia; Maria de Aquino; Violeta Nogueira; Eneida Costa; Neide Maia: Orlys Vasconcelos, Ítala Ney, Ruth de Alencar.

A primeira locutora do rádio cearense foi Maria de Aquino atuando na Ceará Rádio Clube. A Rádio Verdes Mares carinhosamente conhecida como "verdinha" foi fundada em julho de 1962, das mãos de Paulo Cabral de Araújo e desse Grupo político, onde se destacaram; José Flávio Costa Lima; Hildo Furtado Leite, José Pontes de Oliveira (Banco União), foi negociada com o grupo Edson Queiroz. Os cantores Galãs: Carlos Augusto; Arnoldo Leite; Paulo Cirino seu chapéu e violão; João Bob; Joran Coelho; José Auriz Barreira; Guilherme Neto; Gilberto Silva; Fernando Menezes. Giacomo Ginari. As estrelas cantoras: Wanda Santos; Ayla Maria; Maria de Lourdes; Ângela Maria; Estelita Nogueira e Zuíla Veras; As pastoras e Paulo Cirino; (Isis Martins, Maria Alice e Maria de Lourdes); Maria Guilhermina; Cleide e Ademir Moura; Fátima Sampaio; Ivanilde Rodrigues; Terezinha Silveira; Salete Dias; Marilena Romero; Telma Regina; Vera Lúcia; Cleide Moura. "Blanchard Girão fala - "A denominação de" Dragão do Mar", já sugeria uma linha de protestos e lutas. "A rádio vinha para ser o "calo" do Governo Udenista, denunciando todas as deficiências administrativas e, de modo especial, os escândalos de afilhadismos que caracterizavam, de um modo geral, a prática política estadual daqueles tempos".

Emilinha Borba

A Rádio Dragão do Mar-montada em 1958 - pelo antigo Partido Social Democrático (PSD) foi inaugurada em 25 de março de 1958, data comemorativa da abolição da escravatura no Ceará, episódio em que se glorificou o jangadeiro Francisco José do Nascimento, cognominado "Dragão do Mar". Vêm a Uirapuru fundado em 16 de junho de 1956 de 1956, Fez à transmissão da eleição da Miss Brasil, Jaime Rodrigues falou de Buenos Aires e Fernando Lopes narrou o desfile. A ZYH-25, conhecido como a emissora do pássaro teve também seus momentos de glória.

Aproveitando o ensejo vamos enumerar os superastros da locução cearense: Você se lembra de alguns deles? Os irmãos Cabral de Araújo (José e Paulo); Manuelito Eduardo; João Ramos; Aderson Braz; Mozart Marinho; Almir Pedreira; Albuquerque Pereira; Antonio Almeida; Narcélio Lima Verde: Alexandre Colares; Mattos Dourado; Wilson Machado; Valdir Xavier; Jaime Rodrigues; Augusto Borges; Ivan Lima; Oliveira Filho; José Santana; Juarez Silveira; José Júlio Cavalcante; Peixoto de Alencar; Nazareno Albuquerque; Cid Carvalho; Palmeira Guimarães; Edson Martins; Paulo Augusto; José Edilmar; Haroldo Serra; Armando Vasconcelos e muitos outros. As "Lady-Speakers" também tiveram sua vez, cito aqui algumas que se destacaram: Maria José Braz; Laura Santos; Ruth de Alencar; Celina Maria; Karla Peixoto; Vera Lúcia; Maria de Aquino; Violeta Nogueira; Eneida Costa; Neide Maia: Orlys Vasconcelos, Ítala Ney, Ruth de Alencar. A primeira locutora do rádio cearense foi Maria de Aquino atuando na Ceará Rádio Clube.

O Brasil havia experimentado o funcionamento do Rádio por ocasião da festa do centenário da independência quando, aos 7 de setembro de 1922 foi instalado no Corcovado, Rio de Janeiro, um equipamento transmissor e vários receptores em locais estratégicos da então Capital da República. Isso motivou o Sr. Edgar Roquette Pinto a fazer funcionar um ano depois a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, embora devamos fazer justiça ao estado de Pernambuco quando em Recife a sua “Rádio Clube” foi ao ar em 1919. No Ceará, apesar da euforia de 1924 com a beleza teórica e pouca aplicabilidade prática do “Rádio Clube Cearense” que de modo efêmero funcionou no prédio do Distrito Telegráfico (Fênix Caixeiral), Fortaleza ainda saboreou desta experiência. Coincidência ou não, a segunda tentativa em Radiotelefonia cearense nasceu juntamente com o Jornal O Povo, com diferença apenas de dias. Em 1 de janeiro de 1928 O Céu da Fortaleza Antiga Foi novamente cortado pelas ondas hertzianas da “Rádio Educadora Cearense”.

Aos 12 de janeiro de 1928, o Jornal O Povo em sua edição nº 6, traz a seguinte nota: “Esta nova sociedade de Rádio, ciosa de seus deveres de educar o povo de nossa terra, está promovendo um concurso que sobre os aspectos, é merecedor dos aplausos do público e dentro de pouco tempo saberemos qual o melhor Rádio telegrafista...”.

A sede da Rádio Educadora Cearense localizava-se na Rua General Sampaio nº 118, no local onde depois funcionaria o Instituto de Previdência do Município-IPM, esquina com a Rua Meton de Alencar, na Praça Clovis Beviláqua, que já foi “Praça da Bandeira” e na época se chamava “Visconde de Pelotas”. Por todo o mês de janeiro (1928) e, durante os dias úteis de 19.00 até 21.00 h, ficaram abertas na sede da emissora, as propostas de matrículas aos interessados em fazerem o concurso para ficarem aptos, ao manuseio dos equipamentos da Radiotelegrafia. Essa estação radiofônica foi se impondo no conceito público pela sua programação e pelas suas altruísticas atitudes. O jornal “O Povo”, com menos de um mês de existência, já acompanhava todos os acontecimentos da cidade e publicou na edição de 23 de janeiro os nomes dos componentes da R. E. C. “Presidente: Dr. José Odorico de Moraes; Vice-presidente: Luiz Espíndola; 1º Secretário: Achiles Arraes; 2º Secretário: Pierre Pereira da Luz (Locutor); Adjunto tesoureiro: Antonio D'Oliveira Braum; Diretores fiscais: Flósculo Barreto, Benjamim Falcão e Oswaldo Fernandes”.

Nessa mesma nota, o noticioso de Demócrito Rocha diz que o Sr. Antonio de Alencar Santiago (telegrafista), ficava como responsável pela direção da Rádio, quando ausentes os diretores. Naquela época era difícil se conseguir concessão do Governo para o serviço de comunicação, tanto pela dificuldade da aquisição dos equipamentos, o quanto pela a liberdade de expressão que era vigiada, talvez sequelas deixadas pela “coluna prestes”. Fortaleza assim sintonizava sua programação, mas ainda sem qualidade a gosto do ouvinte. Tinha o boletim informativo, músicas selecionadas. Nos fins de semana eram transmitidas para a elite (os receptores eram caríssimos) as partidas de futebol, de onde o poeta Pierre Luz, da janela do estúdio narrava os acontecimentos no campo, local este onde depois construíram a Faculdade de direito da UFC, afinal o Estádio do Prado só seria inaugurado em 1941.

A vida dessa emissora também foi curta, pois quando João Dummar criou “O Ceará Rádio Clube” a Rádio Educadora Cearense já havia saído do ar. Teria sido a Revolução de 1930? Descubram os entendidos. A invenção do rádio é creditada ao inventor e cientista italiano Guglielmo Marconi, nascido em 1874 na cidade de Bolonha. “Se um grupo político, onde se “A denominação de” Dragão do Mar”, já sugeria uma linha de protestos e lutas. "A rádio vinha para ser o "calo" do Governo Udenista, denunciando todas as deficiências administrativas e, de modo especial, os escândalos de afilhadismos que caracterizavam, de um modo geral, a prática política estadual daqueles tempos".

Rádio Dragão do Mar montada- em 1958 - pelo antigo Partido Social Democrático (PSD) foi inaugurada em 25 de março de 1958, data comemorativa da abolição da escravatura no Ceará, episódio em que se glorificou o jangadeiro Francisco José do Nascimento, cognominado "Dragão do Mar". Por problemas que ainda ninguém conseguiu chegar a uma conclusão plausível a rádio Assunção hoje tem um nome novo: Rádio Globo Fortaleza e a rádio Dragão do Mar, rádio Shalom. Depois destas nuanças explicativas a Associação dos Ouvintes de Rádio do Ceará (Aouvirce), através de sua diretoria e associados resolveu por unanimidade que o homenageado no dia do radialista seria o escritor, jornalista e radialista Narcélio Lima verde de família tradicional de Fortaleza, em cujo pai os filhos se espelharam na arte da comunicação e da radiodifusão.

Falar das qualidades, do carisma, da maneira ordeira como trata os seus ouvintes seria desnecessário. Narcélio nasceu para o rádio e o rádio se engaja muito bem com ele, sendo uma sintonia perfeita. A história está ai para contar as qualidades deste grande profissional que passou por várias emissoras locais e hoje presta seus valorosos serviços na rádio FM Assembleia - O programa Narcélio Limaverde vai ao ar de segunda à sexta-feira, das 7h30 às 9h, na rádio FM Assembleia 96,7 MHz. Aos sábados acontece a reprise dos destaques da semana, a partir das 10 horas.

Ceará Rádio Clube

Era uma vez um cearense chamado João do Mar. Nasceu na Síria, Cuja capital era a cidade do Crato, Uma terra de fartura, Capital da rapadura. E campeã mundial do carrapato, Onde o quibe nascia em árvores. E o trigo do pão se colhia antes mesmo de plantado. Uma vidente com olhos de serpente. E ouro branco nos dentes. Olhou o rosto do menino. E vaticinou seu destino: Tua vida está escrita nas linhas de tuas mãos. E não será por aqui. Deixe o Vale do Cariri. E vá para junto do mar. Dizendo assim a vidente virou uma salada tabule. E desapareceu numa nuvem de alface. E assim o menino sírio-cearense. Veio para Fortaleza, Quando o barato era passear. No Passeio Público, Onde poetas impúberes ensaiavam os primeiros poemas. O povo conversava política e contava anedotas, De bobeira na Praça do Ferreira. Aos domingos, Se banhavam numa Praia de Iracema. Ainda sem poluição E sem essa mixórdia beócia e imbecil de putas. E gringos. Não havia os bingos, Não havia a Aldeota, Nem a Beira Mar Com seus horrorosos espigões. O velho farol iluminava as dunas. Fortaleza era uma província pacata. Embalada à brisa do Mucuripe. Os arrabaldes inda eram pura mata Onde luziam e vagavam Luminosos vaga-lumes, Insetos de luz própria. Um dia, João do Mar espiou pela fechadura. Da porta do tempo. E vislumbrou o futuro. Que se escondia por detrás do muro. E este futuro tinha um nome: co-mu-ni-ca-ção. E comunicação é que nem gripe: Se espalha nas ondas do ar. E João do Mar, o Visionário, Fundou nesta urbe. A- Ceará Rádio Clube, E de João do Mar. Passou a ser conhecido como o João do Ar. Se o Brasil tinha a Rádio Nacional, O Ceará tinha a PRE 9, Que o povo, com carinho, chamava de Perrenove. Todas as emoções do mundo numa caixinha de sonhos: "Faça sol ou quando chove. Ouça sempre a Perrenove." Roupa bem lavada só com Sabão Pavão. Quer comida gostosa? Use Óleo Pajeú. Alegria? Faça a barba todo dia com Gillete Azul.

Humor. Esportes. Notícias. Crônicas. Opinião. Programas de calouros. Programas de auditório. Que não deviam nada aos de São Paulo e do Rio. José Lima Verde apresenta: Hora da Saudade, Coisas que o Tempo Levou. Opinião é com Paulo Cabral. O cronista que só fala a verdade. Nesta cidade noiva do sol, Os homens escutavam o futebol. Na voz de Cabral de Araújo. Cadeiras na calçada, Falando da vida alheia. E o diabo a quatro, As comadres discutiam o último capítulo do Rádio Teatro, O Teatro verdadeiramente popular, Avô das novelas da TV. Locutores, cronistas, redatores, aprendizes, Radiatrizes, radiatores, Cantoras, cantores, Astros e estrelas Tirados do balaio: Augusto Borges, Narcélio Lima Verde, Laura Peixoto, Moacir Weyne, Teresinha Holanda, Laura e Fátima Sampaio.

Senhoras e Senhores: com vocês, Diretamente do Edifício Pajeú: Keyla Vidigal, Salete Dias, E o Rei do Ritmo: Nozinho Silva! João Demétrio Dummar escrevia sua saga. Grandes nomes do rádio cantando por estas plagas: Orlando Silva, Silvio Caldas, Chico Viola, Zezé e Luiz Gonzaga, Ângela, Dalva, Marlene, Emilinha - talentos pioneiros! Trio Nagô, Trio Irakitan, Jackson do Pandeiro! O Ceará nunca mais foi o mesmo. E o Tempo, Que é uma bola vagando a esmo, Foi tecendo seus mistérios. João do Ar virou um mito. Encontrou Maria Lúcia, Filha de Demócrito, Que veio a ser a mãe de seus seis filhos. E avó de seus vários netos.

Hoje Fortaleza é uma cidade moderna, Entre o mar e o sertão. Grande exportadora de tapioca. Para a terra carioca. Shopping Centers a dar com o pau. Turistas a doer na vista, Fashion Malls, roquenroll Linhas aéreas da - Gol. Ligando a lua com o sol. Muita máfia, muito espigão, Muita especulação. (http://www.almadepoeta.com/manomelopoesia.htm).

Mas existe uma flama, Um espírito ancestral, Uma alma coletiva. João Dummar, Demócrito, Quintino, Raquel de Queiroz, Jáder, Patativa. Nossas raízes, Nossos avós. Uma força, uma beleza, Que sempre permanecerá. E viva Fortaleza, Capital do Ceará.


António Paiva Rodrigues - Membro da ACI- da ALOMERCE- da AOUVIRCE- da UBT e da AVSPE