


Durante o século XX foram muitas as realizações do homem de grande envergadura, levando aos limites a engenharia, a ciência e a tecnologia. Construções gigantescas cruzaram os mares, edifícios tocaram os céus, pontes e estradas levaram a engenharia a realizações nunca antes imaginadas. E tudo isto deu a sensação de que o homem era invencível, capaz de dominar as leis da natureza, substimando-a, esquecendo a sua força e poder.
No entanto, por várias vezes, a natureza se encarregou de mostrar a sua força e invencibilidade, reduzindo o homem à sua insignificância.
Em 15 de Abril de 1912 o maior, o mais luxuoso, o mais caro e indestrutível navio Titanic era destruído por um iceberg, durante a sua viagem inaugural, após 4 dias de navegação.
Em 6 de Maio de 1937, o maior e mais luxuoso dirigível jamais construído explodiu ao pousar em Lakehurst, Nova Jersey.
Curiosamente ambos os casos tiveram influência na história da rádio, motivando grandes alterações, quer sob o ponto de vista técnico, quer (principalmente no segundo caso) na forma de fazer informação, beneficiando o directo e o imediato.
O HINDENBURG - Nova Jersey, 6 de Maio, 1937
O Hidenburg era um dos melhores transportes aéreos da Aviação da Alemanha Nazi, sendo suposto representar a grandeza do Reich Alemão e o seu líder, Adolfo Hitler.
Foi um gigantesco dirigível construído para comprovar a superioridade tecnológica da Alemanha. Conhecido como Zepelin era sustentado no ar por 200 mil metros cúbicos de hidrogénio, o maior dirigível da história até 1937.
O LZ 129 era o orgulho da engenharia alemã, considerado o modelo mais espectacular da Zeppelin. Tinha 245m de comprimento, 41,5m de diâmetro, voava a 135km/h com autonomia de 14 mil quilómetros e tinha capacidade para transportar 50 passageiros e 45 tripulantes.
Na noite de 6 de Maio de 1937, o gigantesco dirigível Hindenburg preparava-se para descer na base de Lakenhurst, em Nova Jersey, nos Estados Unidos, com 97 passageiros a bordo, vindos da Alemanha.
Amigos e familiares aguardavam a chegada dos passageiros. O Jornalista Howard Morrison em representação da sua rádio, estava a gravar o acontecimento para mais tarde o poder transmitir. O dia estava chovoso e já se tinham registado trovoadas. Morrison gravava uma pequena informação sobre o tempo, o Dirigivel e o que seria necessário para que o Hindenburg pousasse em segurança.
À medida que o Dirigivel se apróximava e já a uma altura de 300 pés Morrison continuava a sua reportagem descrevendo a aterragem, Quando, subitamente, o dirigível explode em chamas, em pleno voo.
Morrison fica chocado, após uma pequena pausa, o repórter continua a relatar toda aquela tragédia. Enquanto retiram as vitimas, os sobreviventes são entrevistados.
Vivia-se o melhor das noticias radiofónicas, acontecimentos relatados no exacto momento em que ocorrem. A reportagem é emitida para os lares dos ouvintes e assiste-se a um sentimento de dor pelas mortes e pelos feridos.
Este acontecimento reflectiu o futuro das transmissões radiofónicas imediatamente antes e durante a II Guerra Mundial quando os Murrow Boys e outros iriam trazer a guerra para a América através das ondas de rádio.
Este acontecimento não foi para o ar ao vivo, mas foi transmitido mais tarde. Nesta época as reportagens de rádio sobre acontecimentos, eram sempre transmitidas ao vivo, já que as estações de rádio tinham políticas que proibiam o uso de material gravado excepto para efeitos sonoros. Mas Howard Morrison, o jornalista, não estava lá para fazer a reportagem do acidente, logo não tinha equipamento nem meios para transmitir em directo. Pelo contrário, encontrava-se no local por ordem da sua estação de rádio, WLS, de Chicago, para gravar uma reportagem sobre o "Zepplin" Hindenburg.
No mesmo dia, Morrison e o seu engenheiro de som, Charlies Nehlsen regressaram a Chicago com as cópias. Mas só na manhã seguinte é que algumas partes da gravação foram transmitidas na WLS. Não se conhecem registos da primeira vez que foi transmitido pela NBC. Sabe-se que pelo menos cinco minutos da gravação foram transmitidos no dia 7 de Maio, pelas 11:38, na zona de Nova Iorque. Só mais tarde, nesse dia, é que transmitiram a reportagem completa, para uma audiência nacional.
Esta foi uma das poucas vezes que as estações de rádio autorizaram que uma gravação de um acontecimento fosse transmitida.
Na época as gravações eram feitas por pesadas máquinas que registavam em disco de cera, sendo constituídas por uma plataforma giratória grande com um disco de 16", um braço resistente e um estilete que cortava o disco da cera, e um amplificador. Era importante que estes gravadores estivessem perfeitamente nivelados, caso contrário o estilete saltava. No momento da explosão, quando Morrison grita "para explodir em chamas!" as vibrações da explosão fizeram com que o braço do gravador saltasse no disco, críando sulcos profundos até que o técnico levantou o braço do disco e retornou-o para trás.
Os discos que estão nos arquivos nacionais reflectem os sulcos e a força da explosão.
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Comentários
desus
Ter, 2007-05-08 00:24
Ligação permanente
Ótimo Artigo que pode ser desenvolvido um pouco mais
Vi um documentário desse evento, chama-se Hindenburg Disaster Newsreel Footage (1937), realmente toca os sentimentos dos ouvintes. Gostei de relembrar o fato, com pequeno detalhe do nome do reporter ser Herbert e não Howard. Há vários filmes disponíveis, http://video.google.com/videosearch?q=Hindenburg
Trata-se da primeira reportagem gravada ao vivo, um furo de reportagem que marcou as páginas da historia do rádio.
Herbert Howard testava naquele dia um revolucionário aparelho de gravação que daria inicio a uma nova fase da radiodifusão.
Diante a uma tragédia, o repórter não consegue conter as emoções, dando há sua narrativa uma das mais tocantes reportagens já realizadas.
O aparelho usado por Howard armazenava a gravação em disco de vinil e deu um novo rumo ao radialismo, que até então só podia ser feito ao vivo, o que representava um alto custo operacional.
http://en.wikipedia.org/wiki/Hindenburg_disaster
Herbert Morrison (maio 14, 1905 - janeiro 10, 1989), repórter de rádio americano, conhecido para sua descrição vívida do fogo que destruiu o zeppelin de Hindenburg maio em 6, 1937. Morrison e o coordenador Charlie Nehlsen da estação WLS em Chicago, cobriam a chegada do dirigível em New-jersey ao qual tiveram a oportunidade de fazer historia documentando uma tragedia ao mesmo tempo que realizavam a primeira experiência na gravação de notícias.
O texto contém o a narrativa em inglês, se alguém se dispor a traduzi-la, ajudaria os leitores.
Luciano Henriqu... (não verificado)
Dom, 2007-10-21 19:45
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Re: Histórico: Hindenburg, tragédia em directo
Olá, voces da pág, A minha radio, estão de parabéns por manter a pesquisa pela historia real da comunicação parabéns !!! aqui Luciano Henrique cursa 1*ano de jornalismo