A ERA PRÉ-TELEGRÁFICA DA COMUNICAÇÃO
Deve ter sido para o homem, desde um passado remoto, aspiração forte a de conseguir a comunicação à distância tão boa e tão rápida como a de dois interlocutores frente a frente.
Essa aspiração, levada à realidade, afastaria, amenizaria a solidão. Traria um mundo longínquo para mais perto. O mundo tornar-se-ia menor. O mundo tribal transformar-se-ia no mundo global.
Neste sentido, a comunicação à distância teve a sua evolução marcada pelo que nos coube conhecer acerca do mundo antigo. Na "Ilíada", de Homero, é mencionado a comunicação por sinais luminosos.
Por meio de fogueiras em série, acesas no cimo dos montes, levou-se ao conhecimento de Clytemnestra o feito da tomada de Tróia. Na guerra da Pérsia a armada grega de Xerxes usou, também, recursos similares. Os cartagineses ligaram a África à Sicília, via Pontelaria, por meio de sinais luminosos.
Os romanos, no tempo de César, instalaram múltiplos focos de luz, codificados previamente com sinais secretos. Na antiga Grécia, por meio de semáforos, eram remetidas mensagens à base de sinais alfabéticos.
Já na Idade Média o inglês Robert Hooke apresentou em 1684 a comunicação semafórica, aperfeiçoada em 1690 pelo físico francês Amontons. Este propôs o telescópio para a leitura das letras convencionais emitidas por semáforos.
Os pré-colombianos possuíam um código de sinais que, repetidos nos altos das montanhas, estendiam-se desde a ponta extrema da América do Sul até a América Central. Usava-se para mensagens cerimoniais.
Os índios norte-americanos usavam sinais de fumo para enviar mensagens. Os exércitos, durante muito tempo, utilizavam os sinais manuais, estampidos, tambores e cornetas, que apenas valiam para distâncias reduzidas e para mensagens curtas.
Desde épocas pré-históricas até o século 19 os meios de transporte de mensagens de um ponto a outro da superfície terrestre, mais importantes, não caminhavam mais depressa que o andar de uma pessoa ou de um cavalo. Não iam mais depressa do que o vôo dos pombos-correio ou do que um veleiro.
Quanto ao cavalo foi muito usado durante vários séculos como veículo de mensagens. Para curtas distâncias de serviço, um cavalo fazia 15 milhas por hora. Mas para as viagens mais longas, o rendimento era menor.
Havia uma organização nos Estados Unidos, a American Passy Express, com 190 postos, 500 cavalos e oito cavaleiros. Actuavam em trocas periódicas de posto a posto. Para fazer a rota entre Saint Joseph, Missouri e Sacramento, as mensagens eram entregues após 10 dias de cavalgadas na velocidade de cinco milhas por hora. Esta empresa cobrava, a princípio, cinco dólares por mensagem. A procura não foi entusiasmadora, tanto que se viram obrigados a reduções que atingiram um dólar. Por fim, em 1861, a companhia faliu dando o prejuizo de 200 dólares.
No Brasil do século 18 os meios de comunicação e transporte é a fazenda que os mantém pelo ministério das suas canoas, dos seus veículos, das suas tropas, dos seus mensageiros. Os mensageiros nos seus cavalos ou em montarias tomadas de alugadores de cavalos, nos caminhos ou diligências.
Pelos mares, os veículos eram os navios a vela. Com o surgimento do navio a vapor, o que se deu a partir de 1832, a duração para a entrega de mensagens diminuiu enormemente.
Quanto à ferrovia, também teve a sua época como veiculadora de mensagens, graças, principalmente, a um serviço organizado de correio. Entre 1828 e 1848, em 20 anos, foram criadas vias férreas na Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Hungria, Irlanda, Holanda, Polônia e Espanha. Nos Estados Unidos, em 1830, já existiam comboios atingindo um percurso total de 23 milhas. Em 1850 já contavam com 900 milhas de trilhos.
Em Portugal, a rede de Caminhos-de-ferro foi mais tardia, evidentemente influenciada pelo desenvolvimento industrial dos meados do século XIX. Ainda assim, com um progresso condicionado pelas dificuldades estruturais de um país periférico, cedo se foi disseminando, assumindo as proporções que conhecemos hoje.
A pesar dos condicionalismos existentes, deve ser referida a perspectiva teleológica dos traçados para a rede, cujo objectivo consistiu no desenvolvimento do país.
No Brasil a ferrovia surgiu em 1854 com a Estrada de Ferro Mauá, ligando o porto de Mauá, no fundo da baía da Guanabara até a Raiz da Serra. Dali seguia uma estrada, floresta acima, até Petrópolis. Esse percurso era feito por Dom Pedro II cada vez que ia a Petrópolis, fugindo ao calor guanabarino. Essa primeira ferrovia foi uma iniciativa de Irineu Evangelista, o Barão e depois Visconde de Mauá. Tornou-se famoso e respeitado como um impulsionador da indústria e das comunicações. A sua vida foi um exemplo de operosidade como empresário da indústria e das comunicações.
Mas o salto realmente notável no mundo das comunicações foi o do Telégrafo, veículo instantâneo e talhado para distâncias imensuráveis.
Texto: Ivan - PY3IDR E-mail: ivanr@cpovo.net
Adaptado e ilustrado pela "Minharadio"