Marcelo Abud - Aminha vida em sintonia com o rádio

Separadores primários

Read time: 4 mins

A MINHA VIDA EM SINTONIA COM O RÁDIO


Foto de Marcelo Abud aos 15 anos, numa festa 

para a família



Marcelo Abud

Quando o Problema vira Solução

Costumo dizer que a minha paixão pelo rádio vem, literalmente, do berço. Explico: quando era bebê, minha mãe deixava um rádio de pilha ligado junto ao local onde eu dormia, para que eu ficasse calmo e imaginasse ter alguém por perto. Enquanto isto, ela fazia todos os afazeres domésticos.

Apesar deste contato com a comunicação desde cedo, as pessoas da minha família são bastante introspectivas, o que dificultou que eu adquirisse o hábito da conversa, de um bom bate-papo. Ao chegar na adolescência, eu tive um perfil muito diferente dos garotos da minha idade. Por um lado, no contato social direto com eles, era extremamente tímido; por outro, voltei-me para o rádio como um refúgio para meus sonhos. Eu buscava naquele aparelho uma companhia, uma maneira de me colocar perante o mundo e as outras pessoas. Participava de tudo quanto é programa, pelo telefone. No rádio, eu conversava, ganhava prémios e falava sobre meus projetos de vida. Aos 14 anos de idade, fiz minha primeira “faculdade”, ao freqüentar diariamente – junto com minha irmã – o estúdio da Rádio Cidade. Fiquei próximo de pessoas que eram meus ídolos e, incrivelmente, sentia-me desinibido para falar de igual para igual com eles. Quem eram? Tavinho Seschi, Rony Magrini, Celso Giunti, Bob Floriano, Sandra Groth e dois que permanecem até hoje como amigos: Delphis da Fonseca e Tony Lamers.

Foi só o começo da luta que travei contra a timidez. Junto a um amigo de infância (que conheço desde o Pré-primário), o Alexandre Tondella, hoje grande radialista e professor universitário, participava de uma brincadeira séria. Uma vez por ano, fazíamos uma grande festa – com peças de teatro, programas de auditório e até bandas tocando ao vivo. Era a TVX (é bom salientar que veio muito antes da Xuxa despontar). Na última festa que fizemos, em 1989, contamos com uma platéia composta por cerca de 100 pessoas, isto no quintal da casa do Alexandre. O nosso palco, que incluía cenário e tudo, era o salão de beleza da mãe dele. Uma experiência profissional que não teve paralelo para mim nem em grandes emissoras de TV.

Em meio a toda essa experiência lúdica, profissionalmente também tive oportunidades para lidar com diferentes públicos. A primeira veio quando fui admitido (ainda no primeiro ano de Faculdade) para fazer estágio na Rádio Gazeta. Assumi um departamento que ainda não existia, o de Divulgação da Emissora. Além de desenvolver, junto com mais três estagiários, o boletim de programação, fazia semanalmente um “tour” pelas redações dos principais jornais e revistas e também por produções de programas de TV de São Paulo para conversar com pessoas que pudessem de alguma forma escrever ou falar sobre os programas da Rádio Gazeta. Consegui que o saudoso Moraes Sarmento ganhasse uma grande repercussão, chegando a ser entrevistado pelo Jô e a aparecer em matérias, principalmente na TV Cultura. Aprendi muito e conquistei meu espaço. O estágio que duraria 6 meses se estendeu por 2 anos e meio.

Depois, a partir do Curso de Locução do Senac, corri atrás de realizar meu principal sonho: trabalhar em uma emissora de rádio. O primeiro teste que fiz foi na Vanguarda FM, de Sorocaba. Uma semana depois, fui chamado para o emprego. Já em São Paulo, aprendi muito com o Sistema Shopping de Comunicação. Foi quando conheci o Élcio, que coordenava a rádio do Jardim Sul. Lá, desenvolvi muito minha comunicação e, além de atuar como locutor e operador, passei a escrever os textos referentes à pauta cultural da cidade de São Paulo.

O que parecia uma pedra no caminho, a timidez, virou minha principal aliada para o crescimento profissional. Ao vencê-la, encontrei um rumo pelo qual estou completamente apaixonado, tanto em termos pessoais como profissionais. Se, a despeito de fazer o que gosto, conseguir ajudar algumas pessoas a perceberem o quanto a comunicação pode torná-las melhores, meu objetivo – assim como eu - estará realizado.



Texto e foto: Marcelo Abud
E-mail: abud@pecasraras.com