A rádio em África (6)

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Zâmbia, Nigéria e Quénia são três grandes países africanos, pelo que importa traçar algumas notas sobre a história da radiodifusão, deixando para outra mensagem a situação na África do Sul. As fontes que consultei vêm no final.

Em 1941, o Departamento de Informação do governo da Zâmbia (então Rodésia do Norte) instalou um emissor de 300 watts na capital Lusaka. O grande propósito era disseminar informações relativas à Segunda Guerra Mundial. Desde então, a estação de Lusaka dirigiu programas aos africanos nas suas próprias línguas, tornando-se pioneira nesse campo. Após o final da guerra, Harry Franklin, responsável de informação de Lusaka, propôs que a estação se concentrasse na programação para africanos. Visto que a Rodésia do Norte não podia pagar esse serviço especializado, as administrações coloniais da Rodésia do Sul (atual Zimbabwe) e da Niassalândia (atual Malawi) foram persuadidas a participar nos custos operacionais, a par do governo britânico. Assim surgiu a Central African Broadcasting Station.

Do esforço organizativo da rádio, ficou a coleção mais vasta do mundo de música étnica africana e o crescimento de públicos, através de um recetor que os africanos pudessem comprar. Após muita insistência, conseguiu-se que um fabricante se convencesse do grande mercado disponível para fazer um recetor de ondas curtas simples e barato a trabalhar por bateria. Assim nasceu em 1949 o Saucepan Special, recetor de ondas curtas com quatro válvulas eletrónicas e capacidade da bateria para 300 horas. Saucepan significa panela ou caçarola, como se pode comparar nas imagens aqui inseridas. A fábrica inglesa de panelas de alumínio retirava o cabo para a mão e fazia um buraco no fundo da panela para inserir o altifalante. Mais de 50 mil recetores foram vendidos nos primeiros anos. A massificação de recetores viria depois, com os rádios transistorizados (outra tecnologia).

Em 1953, com a federação de territórios, nasceu uma nova organização de radiodifusão, em 1958, a Federal Broadcasting Corporation da Rodésia e Nyasaland, com sede em Salisbury, Rodésia do Sul (atual cidade de Harare, no Zimbabwe). Lusaka continuou a usar línguas africanas, além do inglês, mas perdera-se o espírito que animara a estação original. Finalmente, em 1964, a Rodésia do Norte e a Niassalândia separaram-se da federação e tornaram-se Zâmbia e Malawi. A estação em Lusaka era conhecida como Zambia Broadcasting Corporation até 1966, quando mudou para Zambia Broadcasting Services (ZBS), novamente alterada no final de 1988 para Zambia National Broadcasting Corporation (ZNBC), departamento governamental subordinado ao Ministério da Informação, Radiodifusão e Turismo e com três serviços em sete línguas: bemba, nyanja, lozi, tonga, kaounde, lunda e luvale. Os programas incluem notícias, entretenimento, desporto, religião e educação.

Na Nigéria, a rádio e outros media foram igualmente introduzidos pelo regime colonial como tentativa de moldar assuntos políticos e criar africanos urbanos modernos. No seu livro, Brian Larkin considera a introdução dos media em plano igual ao das centrais de produção de eletricidade e das linhas ferroviárias como parte do projeto de infraestruturas mais amplo do urbanismo colonial. Assim, ele estudaria as redes de rádio, as unidades móveis de cinema e a construção de cinemas como modos específicos de lazer e de formas culturais da África urbana, com análise da circulação de filmes hindus na Nigéria muçulmana, as práticas de lazer dos cinéfilos em Kano e o surgimento dos filmes em vídeo, que tornariam a Nigéria um grande produtor mundial, talvez a par de Bollywood (Índia) e de Hollywood, a render o nome de Nollywood.

A rádio na Nigéria estabeleceu-se em 1933, através de um sistema de distribuição presidido pelo governo colonial britânico, em Lagos, supervisionado e controlado pelo departamento de correios e telégrafos. Então, o objetivo era servir de base de receção da British Broadcasting Corporation (BBC). Dois anos depois, o governo colonial mudou a designação para sistema de difusão da rádio, para servir e projetar o interesse na Grã-Bretanha e nos seus aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1939, nasceu a estação de Ibadan (terceira cidade mais populosa da Nigéria, depois de Lagos e Kano). Também Kano se tornou um centro de radiodifusão importante, para servir o Norte do país. Já em 1949, os serviços de rádio reconfiguram-se e ficam dentro de uma perspetiva com identidade e visão nacional, a partir das conclusões da comissão Turne Bryon, nascendo o National Broadcasting Service, estabelecido em 1950-1951 em Lagos e, depois, alargado a outras das maiores cidades do país, criando-se, em 1956, a Nigerian Broadcasting Corporation.

No Quénia, as emissões radiofónicas começaram em 1924, em inglês e dirigidas aos colonos europeus. As primeiras emissões para africanos ocorreram durante a Segunda Guerra Mundial para informar pais e parentes dos soldados africanos do que estava a acontecer na frente de guerra. Mas o primeiro serviço de emissão para africanos arrancou apenas em 1953, com programas nas línguas kiswahili, dholuo, kikuyu, kinandi, kiluhya, kikib e árabe. Em 1954, estabelecia-se o Kenya Broadcasting Services, com estações regionais em Mombasa (Sauti ya Mvita), Nyeri (estação Monte Quénia) e Kisu-mu (estação Lago). Depois, em 1961, formou-se a Kenya Broadcasting Corporation, controlada pelo governo.

Fontes: https://en.wikipedia.org /wiki/Zambia_National_Broadcasting_Corporation

https://www.oldradio.com /archives/international/zamb.html

https://infoguidenigeria.com /history-broadcasting-nigeria/

Brian Larkin (2008). Signal and Noise. Media, Infrastructure, and Urban Culture in Nigeria. John Hope Franklin Center

https://en.wikipedia.org /wiki/Kenya_Broadcasting_Corporation

(a primeira imagem pertence a http://www.historywebsite.co.uk/…/EverReady/EverReady.htm e a segunda imagem foi retirada de www.radiomuseum.org)