A Rádio em África (9)

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Em março de 1969, a Emissora Nacional de Radiodifusão (Lisboa) instalaria o emissor regional em S. Tomé e Príncipe, dentro da nova política imperial de radiodifusão do país. Até então, existia a estação Rádio Clube de S. Tomé, criada em ondas curtas em 1949 pelo governador Carlos Sousa Gorgulho, conhecido por conduzir o massacre de 3 de fevereiro de 1953, com cerca de um milhar de mortos, quando trabalhadores rurais se levantaram contra interesses de fazendeiros de café e cacau.

O Emissor Regional de S. Tomé e Príncipe seria inaugurado no começo de 1970, em data a coincidir com o início da comemoração do quinto centenário do descobrimento das ilhas. Para o Emissor Regional, constituíam receitas a totalidade da cobrança de taxas, o produto de multas, subsídios atribuídos pelo governo da então província de Portugal e publicidade radiofónica comercial. Todos os trabalhadores de Rádio Clube transitaram para o Emissor Regional: noticiaristas, técnicos de som e escriturários. Houve aquisição de novo material de rádio e de gravação.

A nova programação seria um misto de programas feitos nos estúdios de S. Tomé e de programas enviados de Lisboa. O período de emissão era ininterrupto (5:30-23:00), falada sempre em português, com desdobramento de emissão em programa ligeiro e programa de música clássica, este também em FM (12:00-15:00, 17:45-22:30), com junção para transmissão dos noticiários (13:00, 20:00). Dos programas da Emissora Nacional destaco Serões para Trabalhadores, Música para o seu Almoço e Orquestras Ligeiras. Um programa popular local seria Sentinela do Equador, de discos pedidos e leitura de cartas e aerogramas. Os relatos de futebol na metrópole e de hóquei em patins e a emissão do rali local tinham muita audiência. Duas vezes por mês, a estação abria as suas salas para bailes ao domingo. A orquestra ligeira tinha como músicos Vítor Cruz, Pinto Falcão, os irmãos Teixeira e a família Bondoso.

A estratégia de radiodifusão recentrou-se: servir a população branca minoritária através de música portuguesa e êxitos internacionais e alargar os programas à população negra, incluindo as populações africanas do continente, em especial Angola e Guiné Portuguesa (depois Guiné-Bissau), mais expostas às emissões do MPLA e do PAIGC, com música autóctone.

Rádio de S. Tomé [Vídeo de António Bondoso (2015), que retirei da internet, e de onde extraí as fotografias seguintes]