O TITANIC E A RÁDIO
Domingo, 14 de Abril de 1912, cerca das 23 horas, viagem de inauguração do maior e mais luxuoso navio jamais construído.
Na sala de comunicações do navio está uma estação Marconi de 5kW e dois operadores da companhia Marconi. Estavam tão ocupados a comunicar com Cape Race, Terra Nova, que nem sequer notaram um ligeiro somagudo.
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Quando os dois operadores de comunicações, Harold Bride de 22 anos e Jack Phillips de 25, faziam comunicações de rotina, o Capitão entrou, e informou que o navio tinha chocado com um "iceberg ", ordenando-lhes que enviassem uma mensagem de perigo urgentemente.
A faísca azulada saltava através do vácuo enquanto Phillips enviava pedidos de socorro bem como a localização exacta do navio: Atlântico Norte, a 41 graus 46´Norte, e 50 graus 14´Oeste.
O transmissor do Titanic era o mais moderno e potente do mundo, fabricado pela Marconi. Era do tipo “rotary spark design”, com 5Kw. A antena era constituída por 4 fios suspensos de dois mastros a uma altura de 250 pés acima do nível do mar. A alimentação de emergência era assegurada por uma bateria e um gerador a motor. A distância coberta era de 250 milhas em média, atingindo 400 milhas de dia e 200 milhas à noite.
Foi durante os sucessivos pedidos de ajuda que foi utilizado pela primeira vez o pedido de socorro “SOS”.
Assim começou o momento histórico que mudou a rádio. Duas horas mais tarde, Jack Phillip e mais de 1500 pessoas estavam mortos, o "Titanic" pousou no fundo do oceano, e 713 sobreviventes amontoados nos seus salva-vidas esperavam por socorro.
Os erros trágicos na estória do "Titanic" mostraram a necessidade de uma regulamentação nas comunicações via rádio.
O primeiro navio a responder ao sinal de perigo foi da German Liner, o "Frankfurt". Enquanto o operador das comunicações do "Frankfurt"informava o seu capitão, o "Carpathia" e Cape Race mantinham-se em contacto. Quando o operador do "Frankfurt" voltou a pedir mais informações, Phillips ordenou-lhe que se calasse e se mantivesse em stand by.
Isto parece estranho para os padrões actuais, mas fazia sentido para os operadores de 1912. O "Titanic", "Carpathia", e Cape Race eram equipados com operadores e estações da Marconi, enquanto o "Frankfurt" utilizava os serviços da concorrente da Marconi na Alemanha , a Telefunken.
Esta guerra comercial estendia-se aos próprios operadores. NUNCA tráfego de rotina passaria duma estação Marconi para a rival, e mesmo numa emergência , se as Estações estivessem no ar as outras estavam desligadas.
As controvérsias nas comunicações continuariam mesmo depois
do "Carpathia" recolher os sobreviventes. Uma comunicação foi recebida, alegadamente do "Carpathia", que dizia:
"TODOS OS PASSAGEIROS DO NAVIO "TITANIC"
FORAM TRANSFERIDOS COM SEGURANÇA PARA O "S.S.PARISIAN". MAR CALMO. "TITANIC"
SENDO REBOCADO PELO NAVIO "VIRGINIAN DA ALLEN LINER, PARA O PORTO".
Outras mensagens apareceram, também dizendo que TODOS os passageiros estavam salvos, e o navio estava a ser rebocado. Havia só uma particularidade – estas mensagens não vinham do "Carpathia". Por uma qualquer razão, o alcance das suas comunicações não ultrapassava o máximo de 150 milhas. Por outro lado, o operador de comunicações do "Carpathia" fez apenas algumas transmissões para o "Olympic"(navio irmão do "Titanic" e outro operador da Marconi", na qual telegrafou a lista dos sobreviventes, algumas mensagens de Bruce Ismay, Presidente da White Star Line, fechou a sua estação.
Tão completo era o silencio do rádio do "Carpathia", que recusaram responder ás chamadas dos navios da Marinha Americana enviados para o local pelo Presidente Taft.
A White Star Line, donos do "Titanic", insistiam ainda que toda a gente estava salva e o navio não tinha afundado. Mas enquanto faziam estas declarações, tinham todos os detalhes horríveis do ""Olympic"" E também todo o resto do mundo, graças a um operador de 21 anos chamado David Sarnoff, que conseguiu detectar um sinal muito fraco do "Olimpic", e contou a estória.
Confrontados com a verdade, apanhados por milhares de repórteres e afrontados pelos parentes dos passageiros, os oficiais da White Star Line finalmente revelaram tudo.
Entretanto, o "Carpathia" rumou em direcção à cidade de Nova York. Quando o navio ficou ao alcance das estações costeiras, houve tentativas de comunicação por radioamadores as quais eram formadas por uma mistura de chiados onde raramente uma frase era inteligível". Isto não importou, porque o silencio na radio continuava.
No Porto de Nova York, O "Carpathia" foi procurado pelo Senador William A. Smith do Michigan, presidente da comissão de investigação de desastres marítimos. Imediatamente intimou todos os envolvidos, incluindo Harold Bride e Harold Cottam, operador das comunicações do "Carpathia". O próprio Marconi que estava nos Estados Unidos, (planejava regressar à Inglaterra no "Titanic", foi também intimado a comparecer .
Os depoimentos revelaram as informações dadas a cima, mais grave ainda o facto do "Californian" estar justamente a 10 milhas do "Titanic". Não só o "Californian" não tinha um operador de rádio 24 horas por dia, como o capitão do navio ignorou os 8 foguetes de perigo lançados pelo "Titanic".
Para a origem das falsas mensagens sobre o navio e o salvamento de todos os passageiros, nunca foi encontrada uma resposta. No entanto, o Senador Smith sarcasticamente notava que, entretanto, o "Titanic" tinha sido rapidamente ressegurado, e as acções da Marconi Company quadriplicado por acção.
O Senador DID encontrou a causa do silencio das comunicações do "Carpathia" – foi o próprio Marconi. Enviou mensagens via radio para Bride e Cottam pedindo que tomassem conta de si e mantivessem a boca calada. No fim era-lhes prometido bom dinheiro.
Isto confirmou que Marconi tinha um acordo com o New York Times para a exclusividade da estória. Assim, informações essenciais para os desesperados parentes e inquéritos oficiais do Presidente foram uma contrariedade para os interesses de Marconi.
Quando Marconi se apresentou para depor , o Senador Smith agarrou-se a ele com surpreendente veemência. Marconi foi celebrizado pela nação, e agora o Senador tratando-o como qualquer outro empreendedor que punha o lucro acima do interesse publico.
O Senador Smith foi avisado que o seu ataque a um homem tão popular como Marconi era um suicídio político, mas não se importou. Na sua obsessão em acreditar que a desregulamentação do "spectrum" nas comunicações era parcialmente para culpar o desastre do "Titanic", descreveu Marconi como um homem disposto a subordinar um bem publico ás suas metas de monopólio de equipamentos e do espectro rádio. O Senador Smith usou as declarações sobre o "Titanic para condenar uso e abuso do actual estado das comunicações, e apelou para uma regulamentação internacional de radio.
EM 18 de Maio de 1912, o Senador Smith introduziu um decreto
no Senado. Entre as suas provisões:
1) navios que transportassem 50 passageiros ou mais deveriam ter
rádio comunicações com um alcance mínimo de 100 milhas;
2) Os equipamentos de rádio comunicações deveriam Ter uma alimentação auxiliar
para poder operar até a sala das comunicações estar debaixo de água ou
destruída;
3) dois ou mais operadores deveriam dar serviço continuo dia e noite.
Em resposta às interferências geradas ao longo dos anos, e especialmente quando o "Carpathia" estava dentro do alcance, uma condição foi colocada, dizendo que " estações particulares não poderiam usar comprimentos de onda superiores a 200 metros, excepto com permissão especial". Para evitar que "donos " do "spectrum" pela Marconi Company, licenças seriam requeridas, emitidas pela Secretaria do Comércio. Cada Governo, Marinha ou estação Comercial poderia ser autorizada a uma determinada freqüência, potência, e horas de operação.
A legislação inicial considerou a eliminação de todas as estações particulares, não comerciais (i.e, radioamadores), mas o Congresso considerou que poderia ser difícil e custoso fazer cumpri-la. Por essa razão, desde que era um "facto bem conhecido" que comprimentos de ondas longas eram os melhores, e nada abaixo de 250 metros era sem utilidade, exceto para comunicações locais, foi decidido dar concessão e atribuir aos radioamadores os 200 metros, onde poderiam trabalhar 25 milhas no máximo e que poderiam renunciar ao acordo em alguns anos.
Comentários
house (não verificado)
Seg, 2007-11-19 18:32
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Re: O Titanic e a rádio
eu e minha mae estavamos no titanic na viagem inalgural. estavamos na primeira classe. ela estava gravida de mim . ela me contou que meu pai afundou junto ao titanic. hoje tenho 89 anos. ela disse que o titanic era o navio dos sonhos. quando ela entrou no bote nao havia mais tempo e começaram a cortar a corda. as pessoas começaram a entrar em desespero. o titanic partiu e ficou 57 segundos em pé antes de afundar totalmente. nos fomos as primeiras pessoas a serem resgatadas pelo carpathia.
Antônio Davi Ro... (não verificado)
Qua, 2010-12-08 16:30
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Re: O Titanic e a rádio
Como está duro de acreditar nessa tua história.
Rômulo d'Castro (não verificado)
Sex, 2010-02-19 20:34
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Re: O Titanic e a rádio
Olá, me chamo Rômulo d'Castro, sou Radialista e acadêmico em Comunicação Social - com Habilitação em Jornalismo. Achei o máximo a maneira que vc expressou um pouco da estória do Titanic. Tenho interesse em adquirir mais informações sobre esse e outros fatos.
Se puderes - e agradeço por isso - gostaria que vc me enviasse outros artigos que conseguisse sobre a história do Rádio e sua importância para comunicar em situações como a do 'navio dos sonhos', que vive no fundo do oceano - Titanic.
Meus contatos:
Celular: 93 9903 8398; Telefone Fixo: 93 3522 2562
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Agradeço qualquer tipo de contato e colaboração.
Rômulo d'Castro
Santarém - Pará
Brasil.
Valdir Ropberto...
Sáb, 2016-01-02 14:07
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TITANIC
Segundo o filme de James Camerom, ( no DVD ORIGINAL DO FILME, NAS CENAS EXCLUÍDAS)temos um detalhe crucial que deveria ser verificado, segundo apresentado na cena excluída do filme teria havido uma comunicação entre o TITANIC e o CALIFONIAN e que essa comunicação falava de blocos de gelo, os operadores de comunicações de ambos os navios não se entenderam em relação às comunicações, as comunicações do CALIFORNIAN foram encerradas justamente no momento do naufrágio do TITANIC, os operadores de comunicações do TITANIC ao invés de usar a comunicação pedida pelo capitão usaram o SOS, é algo que tem que ser verificado.